António Pereira

António Pereira

Sai Cavaco entra Marcelo

Não deixa de ser curiosa a forma como Cavaco sai da presidência, sozinho, sem tropas, com os níveis de popularidade reduzida e com um agastamento reciproco com a comunicação social, atendendo ao seu percurso politico que teve 4 votações acima da maioria absoluta, fato inédito em Portugal e que dificilmente alguém baterá tão cedo. Nem Mário Soares se aproximou.

A história se encarregará de por no seu lugar esta figura sempre presente no pós 25 de abril, que não deixa ninguém indiferente mas que esquerda tanto abomina causando pelos sucessivos engasgos de boca que derrota após derrota o Cavaco lhes foi infligindo.

Dir-se-á que Cavaco governou mal, foi um mau presidente, mas contudo o país real sempre votou nele nos momentos mais decisivos. Cavaco marcou a história de Portugal no pós 25 de abril, um certo homem de Boliqueime, provinciano, estudado, conquistou o coração dos Portugueses em contraponto com uma certa burguesia Lisboeta, intelectuais urbanos mas desligados do país real, foi isso que fez a diferença na hora de votar.

Cavaco sempre conquistou uma enorme popularidade e consegui unir atrás de si uma quantidade enorme de tropas e uma legião de fãs que o levou em ombros até as duas presidências, sendo que nesta última já foi perdendo pelo caminho a sua entourage, chegando ao fim completamente sozinho rodeado pela família

Ao contrário de Cavaco, Marcelo fez todo percurso praticamente sozinho, sem tropas , com meia dúzia de amigos mas com níveis de popularidade altíssimos, com a comunicação social a regozijar-se e a bater palmas porque já têm alguém para fazer subir as audiências e para encher chouriços nos dias sem mortes ou assassinatos. Uma festa.

Marcelo sabe disso, é uma animal de palco, um politico do show bizz, nascido na comunicação social, alguém habituado a lidar com as camaras e com a palavra, sabe exactamente qual é a força que exerce uma imagem, um gesto, vai abrir as portas do palácio, vai escancarar através dos media a presidência, vai ser o nosso Obama,( disse isso há muito tempo atrás).

Politicamente preparado, será sobretudo na sua acção politica futura que vamos poder avaliar a sua presidência, e os tempos que se aproximam prometem ser duros e inéditos, mas da forma como começou, arrisca-se  a entrar sozinho e sair com uma quantidade de  tropas e fãs, exactamente ao contrário de Cavaco, vamos ver.

O País precisa de animação e de afectos.


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