Dotada de um singular gosto pela vida, de uma personalidade afável, sonhadora e divertida, Débora Macedo Afonso é uma jovem promessa do mundo literário que está a dar na escrita os seus primeiros passos, tendo lançado em dois anos igual número de livros. Mas ela não é só palavras, já que, ultimamente, abraçou um outro projeto que esboça na pastelaria o desígnio de “Maria Americana”.

 

Grande Entrevista

 

Diário de Trás-os-Montes (DTM): Lançaste o teu primeiro livro em junho de 2015 e o teu segundo logo no ano seguinte, precisamente, no mesmo mês. Fala-nos dessas duas experiências?

Débora Macedo Afonso (DMA): O lançamento do primeiro, ”Fomos Instantes”, aconteceu na Biblioteca Municipal de Bragança e foi um momento muito especial, de grande emoção, principalmente, por ter sido o meu primeiro. Era tudo uma completa novidade para mim, estava muito nervosa também, muito mesmo, mas, de forma geral, correu bem.

O segundo, já não era uma novidade, já sabia como é que se ia desenrolar, mas estava, ainda, mais nervosa. Talvez por ser o segundo, a responsabilidade já era outra.

 

DTM: Qual é o balanço que fazes atualmente? Não só em termos de vendas, mas, também, como é que os dois livros têm sido recebido pelo público?

DMA: As vendas têm corrido bem e como não sou uma autora conhecida a nível nacional, devo dizer até que me têm surpreendido. A maior parte das pessoas que compra e que lê fazem parte do núcleo que me rodeia, mas já tive pessoas que não me conhecem pessoalmente, mas que me seguem na minha página do Facebook, que a nível de trabalho é uma ferramenta fundamental, visto que consegue chegar a muitas pessoas, e eles fazem-me uma encomenda, via mensagem privada, e depois leem, e como não as conheço, isso deixa-me bastante satisfeita. Isso quer dizer que há pessoas que não são minhas amigas que querem mesmo ler, por isso já não é aquele esforço de tentar saber o que a amiga andou a fazer ou a escrever. É mesmo o gosto pela leitura que levou à curiosidade de querer conhecer a minha história e isso é bastante gratificante.

Depois, a nível de vendas de livrarias, devo dizer que têm vindo a aumentar. O “Fomos Instantes” ainda não o consegui colocar numa livraria de rede nacional, mas o “Mais do que instantes” já se encontra à venda na livraria Note, que pertence ao Continente, e isso é o melhor que, para já, me podia acontecer.

Quanto às opiniões do público, elas são bastante diversas, mas a maior parte das pessoas manifesta-me que se revê na história e que se consegue identificar com a sua juventude, com a altura em que andavam a estudar, mesmo de pessoas de outras cidades. Dizem que tem uma leitura agradável e que lhes dá prazer recordar esses momentos que eles tiveram. Nesse sentido, deixa-me feliz porque consigo trazer alguma emoção aos leitores e isso é fantástico.

 

DTM: O segundo livro é uma continuação do primeiro. Não há dois sem três ou a história está já concluída?

DMA: A história ficou concluída. “Mais do que instantes” veio dar fim à história de Vitória, que é a personagem principal. Para já, não estou a pensar sequer escrever um terceiro livro ou uma continuação. Eventualmente, no futuro, poderá surgir, mas duvido muito. Até porque, neste momento, estou noutro projeto que, também, me rouba muito tempo. Quanto à história, ficou concluída. Agora, cada leitor que dê asas à sua imaginação.

 

DTM: Mas a escrita não ficou concluída? Isto é, teremos mais livros de Débora Macedo Afonso?

DMA: Sim, certamente. Até porque ainda tenho muitas histórias que eu gostava de escrever.

 

DTM: Então para quando o teu terceiro livro?

DMA: Já esperava essa pergunta. Estou, neste momento, a escrever… Talvez em 2018…

 

DTM: E podes levantar um bocadinho o véu da história que estás, atualmente, a escrever?

DMA: Só um bocadinho... Não gosto muito de revelar assim as coisas, mas pronto… Trata-se de uma história que se passa no verão, o palco será Carção, que é a minha aldeia, mas não é uma história sobre mim, como muitas pessoas poderão pensar. Digo isto porque há pessoas que pensam que “Fomos Instantes” é uma autobiografia, mas aproveito para sublinhar aqui que não é. É uma história que eu inventei! Esta que estou, agora, a escrever tem três protagonistas e anda à volta das aventuras, das peripécias e, principalmente, da descoberta do amor. Pode-se dizer que é aquele típico verão que quase toda a gente passa pelo menos uma vez na vida.  

 

DTM: Já agora, como é que surgiu este teu gosto pela escrita e quando é que decidiste começar a escrever?

DMA: Quando comecei a escrever foi recentemente, já nesta fase de jovem adulta, por assim dizer. Não sei uma data ao certo, mas foi em 2014. Comecei a ter mais tempo livre e mais vontade, também, de estar só comigo mesma e de escrever. E queria ser eu, também, a publicar essas coisas que toda a gente faz e falar do amor e achei que podia fazer uma história. E depois comecei a juntar nomes e acontecimentos e o que é que poderia ser e desenvolvi a história. Basicamente, eu quando comecei a escrever já foi para o livro.   

 

DTM: E como é que foi lá em casa quando tu de um momento para o outro disseste que ias escrever um livro?

DMA: Cheguei à beira da minha família e disse que ia escrever um livro e todos se riram. Ninguém me levou a sério.

 

DTM: E passados cinco meses tinhas o livro pronto?

DMA: Sim e ficaram todos de boca aberta… Tipo: “Escreveste mesmo?”.

 

DTM: O facto da tua irmã Sara também já ter três livros publicados serviu-te de inspiração ou influenciou de alguma forma a tua decisão em escrever?

DMA: Sim. Devo dizer que o facto de ter em minha casa uma pessoa que tinha livros publicados fez-me acreditar que é possível, que não é algo que só acontece aos outros e permitiu-me, sobretudo, sonhar. O facto de ter a minha irmã escritora e ela já ter publicado dois livros na altura em que eu lancei o primeiro fez-me acreditar que sim, que é possível sonhar, pois tenho em casa um exemplo do quão real se pode tornar. Pode-se dizer que é o meu modelo…

 

DTM: Para além da óbvia influência da tua irmã, que outros autores, nacionais ou estrangeiros, vês como uma referência?

DMA: Quando estudei no secundário, destaco o fenómeno que é Fernando Pessoa, pois marcou-me bastante. Mais atual, gosto de ler Nicholas Sparks e o meu livro preferido dele é “Um Momento Inesquecível”. Mas, recentemente, descobri uma jovem escritora que se chama Jennifer Niven e que fala sobre o suicídio na adolescência, sobre o preconceito e tem livros muito marcantes sobre temas bastante complexos e atuais como a obesidade e o bullying e descreve-os de tal forma que uma pessoa sente a necessidade de refletir, mesmo que não queira.

 

DTM: Organizaste pela primeira vez o Festival dos Livros na tua aldeia, em Carção. Este ano, haverá um encore ou foi uma iniciativa única e irrepetível?

DMA: Nós temos programado para que aconteça novamente em 2018, ou seja, terá lugar de dois em dois anos. Em princípio, será assim. Em 2016, o festival correu bem, apesar de ter tido os seus pontos altos e baixos como, de resto, seria de esperar, até porque foi o primeiro. Foi uma experiência gratificante, as pessoas aderiram e muitas deram-nos os parabéns por causa da iniciativa em si. O facto, também, de termos convidados que são conhecidos a nível nacional ajudou a atrair muita gente e os escritores da região também ficaram muito satisfeitos com a iniciativa, pois serviu de ponto de encontro entre todos. A interação, o convívio, o ficarmo-nos a conhecer, só isso já valeu a pena. A ideia é que o segundo aconteça, em princípio, também no mês de agosto, e que seja bem melhor.

 

DTM: Continuas a escrever no teu blog “The Magic of Words” ou em bom português, a Magia das Palavras?

DMA: Sim, continuo. São reflexões em textos soltos e tento sempre, pelo menos, de 15 em 15 dias, escrever ou publicar algo de novo. O blog nasceu em agosto de 2015, mas no ano passado, colocava todas as semanas qualquer coisa pois tinha criado uma rubrica em que falava com outros autores, género entrevistas, também para conhecer outras experiências e novas visões. E com isso descobri muitos escritores. Quando o blog completou um ano, já tinha realizado 40 entrevistas. Geralmente, eram por email. Eu colocava as questões e eles respondiam. Mas este ano como tenho mais projetos, já não tenho tanto tampo livre e só estou a colocar textos de duas em duas semanas.

 

DTM: E já que falas em “outros projetos”, que projeto é esse da pastelaria, dos cupcakes e da “Maria Americana”?

DMA: Eu sempre ajudei na padaria dos meus pais, principalmente, nas férias. Houve, então, um verão em que isso estava na moda, eu achei engraçado e decidi experimentar. Mas este ano, decidi dedicar-me de alma e coração a este novo projeto. Tanto assim que coloquei os estudos em standby e, neste momento, estou a tentar criar a minha empresa, o meu negócio, que se chama “Maria Americana”. Mas não são só cupcakes, tenho muffies, tenho donuts, brownies, cookies, tudo produtos de origem americana.

 

DTM: E porquê “tudo produtos de origem americana”?  

DMA: Eu tenho uma paixão secreta por tudo o que vem dos Estados Unidos da América. Pelo país, pelas tradições, é uma coisa louca. Dois destinos de férias que eu tenho idealizados são o  Alasca e o Grand Canyon. Não sei explicar porquê, nem sei se irei gostar ou não, mas só sei que adoraria fazer essas viagens.

 

DTM: Para terminar, se as pessoas quiserem encomendar ou algum dos teus dois livros ou mesmo algum produto de pastelaria, como é que o poderão fazer?

DMA: Eu tenho uma página no facebook que se chama “Maria Americana”, onde estão todos os produtos que eu confeciono e onde as pessoas poderão escolher aquilo que pretendem. Neste momento, eu estou a fazer a fabricação na padaria dos meus pais e as pessoas podem entrar em contato comigo via mensagem privada no facebook ou podem ligar para o meu número de telemóvel, que também lá está, e fazerem a encomenda.  

 

Blog - The Magic Of Words:  

http://deboramacedoafonso.wixsite.com/dmacedoafonso/the-magic-of-words  

Site: 

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Facebook:

https://www.facebook.com/deboramacedoafonso   

 

NOTA: Esta entrevista contou com a participação da irmã de Débora, também ela autora, Sara Ana Macedo Afonso, tendo ambas organizado a primeira edição do Festival dos Livros de Carção, em Agosto de 2016.

 



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