Evento: Caixa de Rimas

Organização: Cultrónica

Direção Artística: Carlos Daniel Genésio & Diogo Rodrigues

Naturais de: Bragança, Portugal

Espetáculos: Teatro Municipal de Bragança (Caixa de Palco)

 

INTRO by Direção Artística, Cultrónica

 

“As noites de Hip-Hop surgem em formato intimista, aproximando os Artistas dos Espetadores. Desta fusão, acreditamos que resulte uma simbiose, levando a singularidade do momento a uma experiência sensorial ímpar. 

Ao longo da caixa de rimas, deambularemos por espetáculos de artistas consagrados no cenário do Hip-Hop nacional e internacional, onde a experiência e maturidade de uns contrastará com a irreverência e inovação de outros.

Visamos oferecer a oportunidade de assistir a espetáculos que contam um pouco da história do hip-hop, escrita no passado e com olhos postos no futuro.”

 

ENTREVISTA

 

Diário de Trás-os-Monte (DTM): Como surgiu a ideia de trazer a Bragança, através da Caixa de Rimas, nomes tão emblemáticos do Hip-Hop nacional como Fuse ou Halloween?

Carlos Genésio & Diogo Rodrigues (CG & DR): A ideia surge na vontade de fazer diferente, fazer melhor e dar ao público brigantino um pouco desta cultura urbana presente nas grandes cidades nacionais e europeias que, no decorrer do último ano, vimos como uma falta, uma inexistência e que, para nós, apareceu como uma oportunidade. Do projeto à ação propriamente dita, passámos serões a criar o produto que íamos apresentar, a trocar centenas de emails para, de alguma forma, nos fazermos sentir e perceberem que há quem queira fazer diferente, mas que para isso é preciso compreensão e cooperação de ambas as partes. 

 

DTM: Porquê este estilo, Hip-Hop? E porquê agora?

CG & DR: O Hip-Hop surge porque vimos potencial nesse género musical há muito esquecido e por muitos ignorado, pois em conversa num bar ou numa esplanada recolhemos, facilmente, dados para uma amostra significativa, que nos serviu de laje para sustentar a ideia de um ciclo. Decidimos, então, pegar em quatro noites para conseguirmos ter quatro géneses do movimento para, assim, percebermos aquelas que maior impacto terão no nosso público-alvo. 

 

“Vivências de mais de uma década em cidades como Madrid, Barcelona, Porto abriram-nos horizontes e permitiram-nos o acesso a uma cultura urbana de audiovisuais excecionais”

 

DTM: Como é que se processou a seleção de quatro artistas num cenário musical tão eclético e tão rico musicalmente como é o nacional no que ao rap diz respeito?

CG & DR: Os quatro artistas que escolhemos surgem depois de um estudo de mercado. Da vasta oferta que falaste tivemos de ser minuciosos e concisos, pois o budget com que trabalhamos fica a anos-luz do disponível em grandes salas como, por exemplo, o Hard Club no Porto. Tudo teve de ser feito à escala e em muito temos de agradecer aos artistas que desde cedo perceberam isso e adaptaram os espetáculos à nossa realidade, não subtraindo qualidade, mas antes apresentando soluções viáveis para criarem um ato único, proporcionando ao público que marcará presença na Caixa de Palco, e daí ter surgido o nome "Caixa de Rimas", um momento singular e inesquecível. Trazer nomes da velha guarda e talentos em ascensão foi uma premissa que quisemos, desde logo, adotar e pelo cartaz que produzimos parece que fomos bem sucedidos. 

 

DTM: Quatro artistas nas quatro semanas de fevereiro. Sendo este o primeiro ciclo e a primeira iniciativa do género, algo ambiciosa, confesso, será algo para continuar ou dependerá do resultado final?

CG & DR: Continuidade é um objetivo! Se os números forem bons e o público corresponder positivamente cá estaremos para dar continuidade ao movimento. De sublinhar, no entanto, que nem só de Hip-Hop vive a Cultrónica e daí a nossa marca poder vir associada a outros géneros musicais, o que nos permitirá abranger um maior número de pessoas, facilitando, assim, a longevidade e a consolidação do projeto. 

 

CULTRÓNICA s. f. , palavra composta por aglutinação CULTURA + ELETRÓNICA.

Desenvolvimento intelectual relativo á eletrónica; Conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores morais e materiais, característicos da sociedade  e civilização eletrónica.

 

TDM: Para finalizar, a pergunta do costume… Expetativas?

CG & DR: Estamos expetantes, temos tido feedbacks bastantes positivos e creio que, no geral, o ciclo correrá bem! Sabemos de antemão que há nomes que, por si só, vendem bilhetes e, por outro lado, assumimos o risco de trazer nomes menos conhecidos, mas isto é a nossa génese e é por este caminho que sempre tentaremos ir. Ou seja, dar a conhecer sonoridades diferentes, novas e que possam ser do agrado do nosso público, nunca esquecendo que não será pela interioridade e pela distância aos grandes centros urbanos que seremos vencidos e que os brigantinos deixarão de ter acesso a nomes que, outrora, nunca pensariam ouvir e ver a 500 metros de casa a um preço que deixará habitantes das grandes metrópoles nacionais com os olhos em lágrimas. Chegámos para ficar! 

 

Um pouco de história…

 

A CULTRÓNICA aparece em Dezembro de 2008, pela força de vontade de fazer acontecer de três jovens adolescentes, na época, intitulados de “iluminados”. Carlos Batista, Carlos Genésio e Luís Barata organizaram, assim, um festival de arte urbana e performativa multimédia, ainda hoje recordado por muitos como um evento fora do tempo ou da caixa, “precoce e prematuro” como alguns o definiram, mas lembrado como algo marcante na educação e acessibilidade de espetáculos audiovisuais e performances apenas ao alcance dos grandes centros urbanos.   

Em 2008, decidiram apostar em áreas tão distintas como transversais, percorrendo desde o audiovisual às artes plásticas, passando por palestras que mostraram o processo criativo dos artistas que o integraram, naquela que foi a sua primeira e única edição. Os sons de então iam do dubstep ao minimal, passando pela eletrónica mais experimental, acompanhados por descargas visuais espalhadas pelos recantos menos conhecidos do Teatro Municipal e da cidade de Bragança. Em pleno inverno transmontano, o movimento fez esquecer o frio que na rua grassava intempestivo com um calor humano próprio dos amantes de arte que tanto ansiavam por uma iniciativa do género.

Dez anos após o ato singular, propuseram-se criar uma empresa e trabalhar em produção, programação e agendamento de espetáculos, abrangendo uma multiplicidade de áreas inseridas na arte urbana atual.

Hoje, a vontade é a mesma, as palavras de incentivo crescem e a ansiedade daqueles que estiveram presentes multiplicou-se pelo infinito. No “passa-palavra” clonaram as mesmas ideias, a mesma atitude, orientada para a ação e para a criação, estabelecendo um cordão humano massivo de vontade, maior ainda do que o apresentado em 2008.  

Continuidade, diferenciação e inovação, são premissas a que se propõem com uma década de clara consolidação de quem sabe o que quer numa cidade que, apesar de pequena, nunca dorme. Deram o salto e criaram a empresa “EMBLEMATIC JOURNEY LDA”, fruto da vontade de conceber, desenvolver e programar no seio de uma comunidade que os viu nascer e crescer.

A equipa pioneira do movimento, individualmente, acabou por abraçar novos desafios. Todavia, Carlos B e Luís terão sempre o espaço que eles próprios ajudaram a criar.

Mais uma vez, pretendem como há dez anos, “colocar Bragança no mapa” e, para isso, será criado um conceito, que eles próprios designam como “nosso/vosso”, deambulando por entre as artes urbanas audiovisuais e performativas  do universo contemporâneo, tentando mais que nunca proporcionar ao público e ao artista ambientes únicos de um espetáculo memorável, icónico e irrepetível, marcando a diferença não só pela programação em si, mas também pela arte de bem receber e acarinhar aqueles que com eles trabalhem e colaborem.

 



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