A Associação Portuguesa de Zurique cumpre 50 anos de existência! A APZ foi fundada, a 14 de Junho de 1962, por iniciativa de um grupo de portugueses residentes em Zurique, pessoas socialmente bem inseridas e com interessantes ocupações laborais.

A iniciativa teve o patrocínio do então Cônsul de Portugal, em Zurique, Dr. Pericão de Almeida. Na época, a comunidade era pequena e não beneficiava de qualquer acordo bilateral entre Estados . As suas actividades assentam, como sempre foi seu lema, no trabalho do voluntariado dos seus activistas. A APZ continua a defender os modestos valores colectivos que conferem dignidade à nossa condição de emigrante. As comemorações do cinquentenário da APZ realizaram-se no dia 16 de Junho, na Volkshaus, em Zurique, com um vasto programa cultural.

A Associação Portuguesa de Zurique (APZ) foi fundada, a 14 de Junho de 1962, por iniciativa de um grupo de portugueses residentes em Zurique, pessoas socialmente bem inseridas e com interessantes ocupações laborais.
A iniciativa teve o patrocínio do então Cônsul de Portugal, em Zurique, Dr. Pericão de Almeida. Na época, a comunidade era pequena e não beneficiava de qualquer acordo bilateral entre Estados, ao contrário das comunidades mais numerosas; italianos, espanhóis, austríacos e alemães. Dados estatísticos indicam, nos inícios da década de sessenta, em toda a Suíça, a presença de 481 cidadãos de origem portuguesa.
A Missão Católica Francesa acolheu nas suas instalações as primeiras actividades da APZ, encontros semanais, palestras, pequenas festas. Só mais tarde, com a chegada do primeiro missionário português, a Missão Católica Portuguesa, iniciou a sua importante actividade religiosa e de apoio comunitário. Também as instalações do Café Boy e do Hotel Limatt foram utilizadas como ponto de encontro dos portugueses da época.
Entretanto, as empresas suíças despertavam para a contratação de mão-de-obra portuguesa no âmbito do antigo estatuto do temporário. Com a chegada dos primeiros contingentes de trabalhadores, a vida associativa foi completamente alterada, dado o choque cultural entre os antigos e os novos emigrantes, na sua maioria trabalhadores oriundos das zonas rurais do interior. Só mais tarde, com o aumento dos portugueses no Cantão de Zurique e o sinal da revolução de Abril de 1974, a APZ, tomou novo rumo de orientação passando de um associativismo de elite para um movimento popular. A equipa directiva chefiada pelo lendário João Silva, residente em Baden, e formada por novos elementos conseguiu manter uma actividade fora do usual, com o apoio de três grandes amigas suíças, Anuska Weil, Ruth Weber, Helena a Marca. Seguiram-se outras equipas directivas e outros presidentes, entre eles; Joaquim Mota de Oliveira e Júlio Prudêncio.
Foi a época dos grandes nomes da música ligeira portuguesa; Carlos do Carmo, Paulo de Carvalho, Sérgio Godinho, Fernando Tordo, Duo Ouro Negro, José Barata Moura, Pedro Barroso, Rodrigo, Pedro Osório e tantos outros, passarem pelos palcos da cidade. Paralelamente desenvolvia-se uma quantidade significativa de iniciativas fora do comum, exposições na universidade, conferências, teatro, concertos de música clássica. Uma época de ouro que se manteve até 1980.

O encerramento do consulado de Zurique
O encerramento das instalações do Consulado de Zurique, a 30 de Setembro de 1979 e a passagem destes serviços para a Embaixada de Portugal, em Berna, foi um lamentável, grosseiro e irresponsável acto do Governo que ainda perdura na memória dos mais antigos. A dinâmica da colectividade sofreu com isso e a onda de protestos só acalmou com o regresso dos serviços consulares a Zurique, em 1987. Foi então que o consulado reabriu as portas a dezenas de milhares de utentes residentes em 18 cantões suíços. Anos de turbulência e de grandes polémicas entre os emigrantes e o Estado português. A APZ cumpriu a missão de defesa da comunidade ao se transformar no rosto visível da contestação.

Ensino da língua portuguesa
Dois anos após o 25 de Abril, a APZ fundou a primeira escola de língua e cultura portuguesa na Suíça. Uma escola autónoma com a frequência semanal de 50 crianças orientada pelo professor, Dr. José Rei, antigo leitor de português na Universidade, que generosamente ensinava a língua materna aos filhos dos emigrantes. Para lá desse benefício, intensamente vivido pela comunidade, outro, porventura não menor, se desenvolvia com a luta pela implantação do sistema oficial do Ensino do Português na Suíça, tal como hoje o conhecemos e que o Governo actual pretende destruir com a aplicação de taxas abusivas e a redução da qualidade do ensino.

Ensino da língua alemã
O ensino básico de alemão para adultos foi das iniciativas de maior importância a favor dos associados e seus familiares. Salas e professores, entre eles, o amigo de sempre, Guido Mazuri ,foram apoiados pela colectividade que não se poupava a esforços em despertar o interesse pela aprendizagem da língua local. Com o passar dos anos e o aparecimento de uma nova dinâmica favorável à integração, a responsabilidade da organização dos cursos de aprendizagem da língua alemã, passou para outras entidades financiadas pela Confederação, inseridas em projectos de uma qualidade de ensino muito mais avançada.

No congresso mundial das comunidades
A Associação Portuguesa de Zurique fez-se representar no Congresso Mundial das Comunidades Portuguesas, em Lisboa, no início dos anos oitenta, com um delegado que apresentou, em nome da organização, importantes propostas em benefício das comunidades portuguesas espalhas pelo Mundo. Em 1981, a APZ, participou na fundação da ex/ Federação das Associações Portuguesas da Zona Consular de Zurique. Foi também nesse ano que organizou o 1° Festival de Folclore Português com a presença de todos os grupos existentes na época.

Sede Social
A abertura da sua primeira sede social, inaugurada pelo Embaixador de Portugal, foi um importante acontecimento na cidade de Zurique. Aqui funcionou durante algum tempo os serviços oficiais de apoio à emigração. As actuais instalações encontram-se na Birchstrasse n° 80 – 8050 Zurique.

Medalha de mérito
A 10 de Junho de 1990 foi conferida à APZ, pelo Presidente da República, Dr. Mário Soares, a ordem de mérito pelos serviços prestados à comunidade.

Uma organização democrática
O 25 de Abril que simboliza a liberdade do povo português e os ideais da democracia é, por regra, o dia de Festa oficial da colectividade. A APZ tem uma forma de estar no movimento associativo que enobrece a comunidade, pelos princípios de participação cívica que os seus sócios e dirigentes têm demonstrado durante toda a sua existência.

Uma organização com princípios
Em 50 anos de existência, a Associação Portuguesa de Zurique, atravessou muitas e variadas crises, teve altos e momentos menos bons que soube ultrapassar com o sacrifício dos seus dirigentes e sócios. Aprendeu com o passado e criou, com prudência e confiança, a força necessária para percorrer cinco décadas ao serviço dos seus associados e da comunidade portuguesa de Zurique.
As suas actividades assentam, como sempre foi seu lema, no trabalho do voluntariado dos seus activistas. A APZ continua a defender os modestos valores colectivos que conferem dignidade à nossa condição de emigrante.
As comemorações do cinquentenário da APZ realizam-se, no próximo dia 16 de Junho, sábado, na Volkshaus, em Zurique, com um vasto programa cultural, encabeçado pelo grande nome do fado e amigo da APZ, Jorge Fernando e o seu agrupamento musical. A Associação Portuguesa cumpre 50 anos de existência!

Manuel Beja
Conselheiro das Comunidades Portuguesas na Suíça



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