Uma padaria do centro de Caracas, propriedade de portugueses, foi ocupada pelas autoridades que mudaram o nome do estabelecimento e o entregaram a grupos de cidadãos para ser administrada durante pelo menos 90 dias, disseram fontes empresariais à Lusa.

Segundo estas fontes, a padaria Mansión's Bakery , que foi alvo de uma fiscalização das autoridades venezuelanas na quinta-feira, reabriu na sexta-feira com o nome "Minka".

Um papel colado na porta dá conta que a padaria é controlada por membros dos Comités Locais de Abastecimento e Produção, produzindo pão que é tirado por uma porta secundária e introduzido numa viatura.

Propriedade de portugueses, a Mansión's Bakery foi encerrada na quinta-feira pela Superintendência de Preços Justos que acusou os proprietários de não cumprirem a nova normativa que obriga as padarias a ter, permanentemente, desde a abertura até ao encerramento, pão disponível para os clientes.

As autoridades acusaram ainda os proprietários de vender o pão a preços mais altos que os permitidos e de manter o estabelecimento em condições de insalubridade.

Proprietários e trabalhadores foram impedidos de guardar o dinheiro que se encontrava na caixa registadora.

No passado domingo o Presidente Nicolás Maduro instou as autoridades a atuarem com severidade contra setores que pretendem obstruir o acesso da população a bens de consumo diário, como o pão.

"Aos especuladores que escondem o pão do povo venezuelano, deve cair-lhes todo o peso da lei. É um plano da direita fascista para fazer com que as pessoas se irritem. Vamos com toda a força", disse.

O vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, anunciou uma nova norma legal que as 709 padarias de Caracas devem respeitar e que estabelece que o pão deve estar à venda desde a abertura até ao encerramento dos estabelecimentos.

"Ao finalizar cada dia deverá ficar pão preparado para o dia seguinte. A venda não poderá ser condicionada e muito menos criados mecanismos ilícitos como a cobrança de comissões pelo uso de terminais de pagamento", disse à televisão estatal.

Segundo Tareck El Aissami, a padaria que desrespeite o novo regulamento "será ocupada temporariamente pelo Governo e transferida para os Comités Locais de Abastecimento e Proteção, para fazê-la produzir".

Um dia depois as autoridades venezuelanas iniciaram a fiscalização das padarias caraquenhas, com os padeiros a queixarem-se de falta de matéria-prima para produzir o pão.

Na Venezuela vigora, desde 2003, um férreo sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção local de moeda estrangeira e obriga as empresas a pedirem ao executivo autorizações para aceder a dólares e importar, um processo que o empresários dizem ser cada vez mais demorado e limitado.

Além dos supermercados, a panificação é uma das áreas com forte presença de portugueses na Venezuela.

A 11 de março último a Federação de Trabalhadores da Farinha (Fetraharina), denunciou a paralisação de dois moinhos de trigo, por falta de matéria-prima, em Caracas.

Estes dois moinhos, segundo o presidente da Fetraharina, Juan Crespo, necessitam mensalmente de 30 mil toneladas de trigo para funcionarem.



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