Das tragédias humanas à identidade transmontana, a nova temporada cultural de Bragança reserva, a partir de 15 de junho, quatro exposições, uma delas com o contributo da comunidade local para a obra da artista israelita Dvora Morag.

Copos de vidro, pás de padeira ou uma cama são alguns dos objetos doados para construir parte da exposição "Disruptive order" (Ordem interrompida, na tradução do inglês) sobre memórias percecionadas pela artista israelita, filha de sobreviventes do Holocausto.

O trabalho poderá ser visitado, a partir de 15 de junho, no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em simultâneo com a exposição "A Coragem e o Medo", sobre outra tragédia humana, a dos refugiados, da autoria de Graça Morais.

No dia seguinte, abrem ao público mais duas exposições, no Centro de Fotografia Georges Dussaud, que, até 31 de dezembro, vão mostrar Trás-os-Montes captado pela objetiva do fotógrafo francês, e a segundo do fotógrafo português Orlando Ribeiro centrada na arquitetura tradicional transmontana.

As quatro novas exposições estão integradas no evento internacional "Encontros de Culturas Judaico-Sefardita Terra (s) de Sefarad", como disse à Lusa Jorge da Costa, diretor do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e comissário de três exposições.

O evento "Terra (s) de Sefarad" decorre entre 15 e 18 de junho, em Bragança, e integra um congresso, exposições, concertos, cinema e outras atividades, além da presença de vários nomes de referência, nomeadamente Yasmin Levy, "a mais conhecida e celebrada voz da música sefardita contemporânea".

A artista israelita Dvora Morag está em Bragança há vários dias a preparar a exposição "Ordem interrompida" com elementos simbólicos sobre a perseguição Nazi aos judeus, durante a Segunda Guerra Mundial.

É uma exposição "acerca da Humanidade", como vincou à Lusa a artista israelita, de 60 anos, que lê Fernando Pessoa e vai usar, numa instalação, frases do poeta português.

Dvora Morag questiona e desafia o público nesta instalação em que a serapilheira, símbolo de luto, pobreza, cor do deserto e usada para transporte de alimentos, cobre todos elementos, e que termina com a celebração da vida numa cascata de copos de vidro intitulada "cheers", a expressão em inglês usada para brindar.

A tragédia humana dos migrantes e refugiados da atualidade aliada às referências da identidade transmontana, que caracterizam a artista, está retratada no desenho e pintura do mais recente trabalho de Graça Morais, a exposição "A Coragem e o Medo", que ocupará a sala dedicada à pintora transmontana no Centro de Arte Contemporânea.

"Entre o protesto e a repulsa, o terror e a piedade, Graça Morais materializa em cada obra a dimensão de um ciclo dominado pelo medo, a perversão, a violência física e ideológica ou a crueldade que parecem ter-se instalado nas engrenagens que movem o mundo", como descreveu Jorge da Costa, comissário da exposição.

Jorge da Costa é também o responsável pela exposição que mostra novas fotografias de Georges Dussaud, que nos últimos 37 anos tem "captado o quotidiano de Trás-os-Montes, desde o comércio, rituais os ofícios, trabalhos agrícolas e pastoreio à paisagem, mas sobretudo, as gentes da região.

A exposição resulta de um novo trabalho fotográfico realizado entre abril de 2016 e fevereiro de 2017, a convite do município de Bragança, com "uma narrativa sobre a contemporaneidade desta região".

Trás-os-Montes é também o tema de outra exposição resultado de uma seleção de imagens a partir do trabalho artístico e documental de Orlando Ribeiro, com base em registos fotográficos deste território.

Foto: Centro de Arte Contemporânea Graça Morais.



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