Os buracos das Minas do Portelo, no Parque Natural de Montesinho, em Bragança, que há quatro anos estiveram na origem da morte de um bombeiro, continuam por tapar, não tendo as entidades responsáveis tomado ainda medidas decisivas para resolver o problema.

«Será preciso mais alguém perder a vida para que se tomem medidas?», questionou António Pereira, menbro de uma associação da aldeia de Montesinho - a ADIAMO - e Tesoureiro da Junta de Freguesia local. António Pereira considera «\"incompreensível» que o assunto se arraste há tanto tempo e que até ao momento as entidades competentes não tenham tomado as medidas de segurança anunciadas imediatamente a seguir ao acidente de há quatro anos.

Os voluntários que enfrentavam as chamas no coração do Parque Natural de Montesinho na madrugada de 4 de Setembro de 1998 estavam preparados para tudo, menos para o perigo dos buracos das desactivadas Minas do Portelo, dissimulados entre a vegetação. Dois bombeiros da corporação de Sanfins do Douro caíram na \\"armadilha mortal\\" e foram \\"engolidos\\" por um dos respiradouros das minas. Um teve morte imediata, mas o outro resistiu à queda. O bombeiro João Venceslau resgatou o corpo do colega morto. \\"Foi uma experiência que superou toda a minha preparação psicológica\\", recordou à Agência Lusa.

\\"Pena, raiva e revolta\\", foi a mistura de sentimentos que assaltou o \\"comandante Joca\\" - como é conhecido -, ao encontrar o corpo do colega entre os escombros de uma galeria das minas, dezenas de metros abaixo do solo.

Só depois do acidente é que as entidades locais despertaram para o perigo destas e de outras antigas explorações mineiras abandonadas e acessíveis a qualquer agricultor, caçador ou mesmo dos turistas que se passeiam por esta área protegida do distrito de Bragança. Ao acidente seguiram-se reuniões e o anúncio de medidas de segurança imediatas, que passados quatro anos se resumem a placas informativas, em português e inglês, alertando para o perigo dos buracos.

\\"Já se podia ter feito alguma coisa. Nem que fosse apenas queimar a vegetação da zona para os buracos se tornarem visíveis\\", frisou António Pereira, que aponta o dedo ao Parque Natural de Montesinho e à delegação distrital da Protecção Civil.

O delegado da protecção Civil, Victor Pereira, disse à Lusa que o organismo que dirige cumpriu a sua missão, ao alertar e mobilizar as entidades competentes e ao sinalizar o perigo com as placas informativas, que ainda hoje se mantêm no local. O Parque Natural de Montesinho assumiu a protecção do local, através da colocação de uma vedação no perímetro das minas, \\"que aguarda apenas por uma autorização administrativa para ser executada\\", segundo disse à Lusa o director do Parque, João Herdeiro. \\"O processo arrasta-se há seis, sete meses. Primeiro foi necessário encontrar uma empresa para colocar o material, depois seguiu- se o processo administrativo e agora falta apenas a ordem de pagamento\\", explicou. João Herdeiro assegurou que existem já os 22.500 euros necessários, faltando apenas o referido \\"procedimento administrativo\\", e disse acreditar que os trabalhos serão executados \\"ainda este ano\\".



PARTILHAR:

Portuguesa é condenada por homicídio da filha

Numa altura em que se volta a falar do Cemitério Nuclear