Na Assembleia Municipal extraordinária da passada sexta-feira foi aprovado, por maioria, o último dos seis planos de pormenor integrados no programa Polis de Vila Real. Contaram-se 38 votos a favor, vindos dos deputados do PSD, 16 votos contra do PS e da CDU, e uma abstenção de um deputado independente.

Para o presidente da Câmara de Vila Real, Manuel Martins, o plano de pormenor do centro histórico agora aprovado pretende \"uma melhor gestão do tráfego automóvel e o aumento dos arruamentos pedonais\". A autarquia pretende assim \"reduzir os índices de ruído nesta zona da cidade e melhorar a qualidade do ar\". Mas Manuel Martins sublinhou que \"não haverá eliminação do trânsito em nenhuma via daquela área, apenas um condicionamento do estacionamento\".

Depois da obra concluída, no centro histórico e na Vila Velha deixarão de existir 455 lugares de estacionamento. Só que, segundo o presidente da Câmara, está prevista a construção de dois parques de estacionamento provisórios na Avenida Primeiro de Maio e na rua D. Pedro Castro, com 470 lugares. Está também prevista a reabilitação e recuperação do espaço verde do largo do Pioledo, local onde será demolido um edifício.

Após a discussão pública do projecto, foram feitas algumas alterações ao projecto inicial. Assim, não será construído o parque de estacionamento no Pioledo, nem se procederá a mudanças de fundo na Avenida Carvalho Araújo. Aí, o trânsito far-se-á apenas no sentido descendente, e no meio da via, onde já existe um espaço verde, serão plantadas mais árvores e será reforçado o estacionamento automóvel no seu topo.

\"Especulação imobiliária\"

Na hora da votação do plano de pormenor do centro histórico, o Partido Socialista (PS) votou contra. Ascenso Simões explicou esta tomada de posição se deve ao facto do PS considerar que o plano propõe \"a descaracterização daquilo que é hoje o centro da cidade de Vila Real\". Para o deputado socialista, \"a eliminação de lugares de estacionamento e o aumento da área pedonal poderão acentuar cada vez mais a desertificação do centro da cidade\". \"Este plano propõe a criação do maior espaço intransitável até hoje visto em todas as cidades médias do país\", sublinhou.

Em conferência de imprensa, o presidente da concelhia do PS de Vila Real, Artur Vaz, afirmou que, um ano após o final da discussão pública dos planos de pormenor, \"o Polis continua a assentar mais na especulação imobiliária do que na recuperação urbana\". O dirigente defendeu também que \"os valores patrimoniais e ambientais que ainda subsistem nas áreas de intervenção não são valorizados como deviam, nem foi feita, como era devida, a interligação e compatibilização dos planos de pormenor, quer em termos de gestão, quer em termos de sustentação financeira\".

Artur Vaz acusou igualmente a Câmara de ter recusado todas as propostas apresentadas pelo seu partido no que toca às alterações dos projectos. \"O executivo social-democrata tem uma atitude de posso, quero e mando\", criticou Artur Vaz, acrescentando: \"assumiram-se como os donos da cidade e os únicos que pensam ter ideias para o futuro\".

Quanto ao plano de pormenor do centro histórico, os socialistas acreditam que este irá contribuir para o \"enfraquecimento económico\" da zona e receiam que a situação se agrave nos próximos dois ou três anos. O PS alega que a \"imagem de marca\" da Avenida Carvalho Araújo, datada do início do século XX e envolvida neste plano de pormenor, será \"transgredida\", levando a que, disse Ascenso Simões, \"vila-realenses que já não venham a Vila Real há cinco ou seis anos e voltem após as obras não reconheçam esta avenida, que deixará de o ser para se transformar numa alameda\".



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