Um homem de 66 anos matou, a meio da tarde de ontem, um irmão e a cunhada na sequência de uma discussão que terá começado por causa da ordem que deveria ser seguida pela máquina que se encontrava a segar centeio num monte, situado nas imediações da aldeia de Antigo, em Montalegre.

Depois dos disparos, feitos com uma pistola 6.35 milímetros, o alegado homicida, Domingos Silva Castro, pegou no tractor que tinha no local e foi para sua casa, no meio da aldeia. Quando a GNR chegou, não terá oferecido resistência, confessando o crime e entregando a arma. Com uma estranha calma, terá, inclusivamente, prestado todas as informações solicitadas pelos agentes e precisado a hora do crime 15h 40.

Apesar de irmãos, Domingos e José já não falariam um com o outro há anos e cultivariam um ódio mútuo.

Cobertos com lençóis brancos, seguros com seixos e separados um do outro apenas por um estreito caminho agrícola, os corpos de Adélia Dias, de 56 anos, e Joaquim Silva Castro, de 61, só acabariam por ser levantados do local (com a presença do delegado de saúde) e levados para a morgue do Hospital de Chaves cerca das 21h00, cinco horas depois do sucedido. A Polícia Judiciária terá chegado por volta das 19h00. Enquanto isso, foi a GNR de Chaves e de Montalegre que manteve a segurança no local e levou a cabo os procedimentos habituais nestas situações, nomeadamente procedendo a alguns interrogatórios.

Ao que o JN conseguiu apurar, Domingos terá disparado cinco tiros. Três contra o irmão, atingindo-o no pescoço, debaixo de um braço e num ombro. E dois contra Adélia. Na hora do crime, perto do local, só se encontraria o condutor da máquina de segar, que, no entanto, terá declarado que não se apercebeu de nada. Porém, terá desabafado que ficou com a impressão de que se não tivesse começado por segar a terra do homicida este o teria matado a ele.

Um indivíduo da aldeia, que também se encontraria por perto, garante que apenas ouviu os disparos. \"Vim a fugir, mas quando cheguei já só vi as pessoas estendidas no chão e o Domingos a pegar no tractor\", referiu, preferindo não ser identificado. Terá sido este morador quem alertou a povoação para o sucedido e chamado uma ambulância.

Na aldeia, a população, apesar de lamentar \"uma coisa destas só por causa das terras\", revelava uma aparente indiferença face ao trágico acontecimento. Aliás, foram poucas as pessoas que se deslocaram ao local. Ao que o JN conseguiu apurar, a reputação quer do homicida, quer as vítimas não era a melhor na localidade.

Vítima já tinha matado

José carregava o peso de também ele já ter matado um cunhado há cerca de duas décadas. Por um motivo aparentemente tão fútil quanto o que a gora lhe tirou a vida uma discussão que terá começado porque José quereria ajustar contas com um vizinho só porque um animal deste lhe terá comido uma qualquer cultura e o cunhado terá impedido. Passando das palavras aos actos, José terá disparado contra o cunhado depois de este o ter agredido com umas forquilhas.



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