De que forma as alterações climáticas e o inerente processo de desertificação afectaram a fauna e a flora do rio Sabor? A questão vai ser respondida por quem vencer o concurso público internacional lançado há dias pela Douro Superior - Associação de Desenvolvimento, com sede em Torre de Moncorvo.

O estudo não chegará a tempo de poder influenciar a decisão da Comissão Europeia sobre a construção da barragem do Baixo Sabor, mas a ideia é provar que este empreendimento não vai prejudicar os ecossistemas, antes pelo contrário.

De acordo com o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, os efeitos das alterações climáticas \"já são visíveis\", pois mesmo em anos normais, em termos de pluviosidade, o rio chega a secar no Verão.

O estudo agora em concurso pretende avaliar a evolução da fauna e da flora, ao longo dos anos, mas também perspectivar o que poderá acontecer dentro de 20 anos se não houver intervenção humana.

\"Estamos convencidos de que não fazer nada vai conduzir a natureza a um estado muito pior do que se a barragem for feita\", adianta Aires Ferreira.

O processo físico de erosão dos solos, bem como o despovoamento das aldeias, que leva ao abandono dos solos agrícolas, vai, acrescenta, \"conduzir à existência de menos alimento para a fauna e condicionar, também, a flora\".

O autarca lamenta que o estudo não possa estar pronto antes de a Comissão Europeia anunciar a sua decisão sobre a construção da barragem do Baixo Sabor. Recorde-se que a Plataforma Sabor Livre, que luta contra aquele aproveitamento hidroeléctrico, apresentou, em Bruxelas, uma queixa contra o Estado português.

Alega que a barragem irá pÎr em causa espécies importantes e em vias de extinção, no que consideram ser um dos últimos rios selvagens da Europa. No final deste mês, deverá ser conhecido o veredicto. \"Tudo o que se disser até lá será pura especulação\", avisa o edil.

Com o concurso internacional agora lançado, pretende-se alargar o espectro dos potenciais concorrentes, de modo a aparecer um \"gabinete reconhecido\" para a elaboração do estudo, que vai custar quase cem mil euros e terá de ser executado em meio ano.



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