O selecionador de futebol de Portugal, Fernando Santos, mostrou-se hoje honrado com o doutoramento ‘honoris causa’ atribuído pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), mas admitiu ter tido dificuldade em aceitar e compreender esta distinção.

“Foi difícil, sinceramente, porque nada me ligava a Vila Real, não entendia muito bem o porquê, mas depois de tanta explicação, e de muito me procurarem convencer, decidi aceitar, com muita honra e muito prazer, e por isso aqui estou presente”, afirmou Fernando Santos no discurso após receber o grau honorífico.

Apesar do seu percurso de 20 anos como jogador e 30 como treinador, o selecionador admitiu que o principal fator que contribuiu para este doutoramento ‘honoris causa’ foi a seleção nacional ter sido campeã da Europa em 2016.

“Muitos podem pensar que foi sorte ou milagre, sim, sorte e milagre existem, mas dão muito trabalho para se conseguirem”, frisou.

Em França, foram 70 pessoas que durante 55 dias fizeram um “trabalho hercúleo” para conquistar o campeonato europeu.

“O meu conhecimento do futebol vem do talento que Deus me deu para entender o jogo e da prática de muitos anos, portanto é empírico, e que se foi consolidando e crescendo com a aquisição de conhecimentos científicos através, do estudo, mas principalmente da aprendizagem com muitos que comigo trabalharam”, afirmou.

Fernando Santos formou-se em engenharia técnica de Eletrónica e Telecomunicações em 1977 e, pelo meio da sua carreira profissional, geriu um hotel no Estoril durante 17 anos, um trabalho que disse que o ensinou a “gerir e liderar pessoas”.

O reitor da UTAD, António Fontainhas Fernandes, frisou que esta foi “uma homenagem justa e mais que justificada”.

“A outorga do ‘honoris causa’ a Fernando Santos sublinha na sua pessoa o papel do desporto enquanto fator de agregação e inclusão social. A universidade entendeu, desta forma, homenagear uma ilustre figura nacional pelos seus princípios ao serviço do desenvolvimento harmonioso do homem e de uma sociedade preocupada com a preservação da dignidade humana”, salientou.

Fontainhas Fernandes afirmou ainda que esta distinção “é um ato que enaltece os princípios do desporto” e significa o “reconhecimento da importância desta área de saber” na UTAD.

No seu discurso, Fernando Santos deixou muitos agradecimentos a quem com ele trabalha e trabalhou, aos amigos, mas foi quando falou na sua família que a voz ficou embargada.

O técnico iniciou a sua carreira de jogador no Operário da Graça, em 1970/71, passou pelo Benfica e pelo Marítimo e, em 1987, assumiu a condição de treinador do Estoril-Praia.

Seguiram-se Estrela da Amadora, FC Porto, Sporting, Benfica, AEK Panathinaikos e PAOK, todos da Grécia.

Em 2010, aceitou o convite para orientar a seleção grega e, em setembro de 2014, foi apresentado como treinador da seleção portuguesa, conseguindo a qualificação para o Euro2016.

Em 2016, sob a sua liderança técnica, a seleção nacional sagrou-se campeã europeia.

Fernando Santos tornou-se hoje no 10.º doutor ‘honoris causa’ da universidade transmontana, passando, segundo o reitor, a “estar ligado para sempre à história desta universidade”.
Lusa, Foto UTAD



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