Segundo disco do agrupamento das Terras de Miranda considerado um dos melhores do ano pela crítica especializada Participação de músicos internacionais e recurso à gaita galega renovam tradição popular

«Modas i Anzonas» é o título do segundo disco do grupo de música tradicional mirandesa Galandum Galundaina, considerado pelo jornal «Blitz» um dos 20 melhores do ano editados em Portugal.

A nova proposta dá seguimento ao trabalho elaborado pelo grupo ao longo dos últimos quatro anos e reflecte a evolução alcançada neste período de tempo.

Ao todo são 13 as músicas que integram o disco, recolhidas um pouco por toda a Terra de Miranda como parte integrante do vasto cancioneiro popular da região.

Segundo Paulo Meirinhos, musico dos Galandum Galundaina, «o trabalho foi elaborado pela vontade de dar a conhecer o gosto pela música mirandesa deixada pelos nossos antepassados, já que cada vez mais as novas gerações se interessam pelas músicas e instrumentos de outros tempos, como é o caso da gaita de foles ou das danças de terreiro».

Ao longo dos anos, Galandum Galundaina tem experimentado novas sonoridades. Recentemente, a banda foi convidada a trabalhar com o castelhano Paço Díez, um músico com influências da «world music».

Exportar o mirandês

A vontade de explorar novos territórios musicais esteve ainda na origem do convite formulado a Malcom Mcmi- llan, um gaiteiro oriundo da Escócia que conhece bem o repertório mirandês, interpretado com a sua típica gaita escocesa.

O desejo de levar a tradição mirandesa a vários pontos do Mundo já tem dado os seus frutos. Desde a criação, o Galandum Galundaina já actuou no México, Brasil, Espanha, França e Alemanha, além de ser presença regular em localidades espalhadas de norte a sul do país. A projecção alcançada serve de alento para que a formação continue a apostar nas sonoridades seculares da região transmontana e castelhana.

Recuperar tradição

No trabalho - que esgotou a tiragem inicial de 1500 exemplares num curto espaço de tempo -, coabitam instrumentos distintos como as gaitas de foles, as percussões e a sanfona, instrumento que, na opinião dos músicos, não está distante da tradição mirandesa, pois foi muito utilizado em Portugal até ao século XIX, trazendo novas melodias às músicas tradicionais, principalmente as vocais.

Da sua inteira responsabilidade, o segundo trabalho produzido pelos Galandum Galundaina é movido pela vontade de alargar e divulgar o gosto e o prazer de ouvir música tradicional.

Ao longo dos anos o grupo envolveu-se em várias experiências , nos mais diversos ambientes musicais, o que confere um carácter mais abrangente à música produzida pelo agrupamento.

Outra das introduções em termos de instrumentos foi a gaita galega, «já que os gaiteiros de Galiza tocavam muitas vezes em terras transmontanas e o legado foi ficando», como assegura Paulo Meirinhos.

Os elementos do grupo nasceram e cresceram em Terras de Miranda (mais concretamente em Fonte da Aldeia e Sendim), onde adquiriram conhecimentos directos da música que interpretam através do ambiente familiar, do convívio com os «velhos» gaiteiros e da consulta de antigas gravações sonoras.

Os instrumentos utilizados no decurso das gravações e das actuações ao vivo são réplicas de outros mais antigos mas mantêm o mesmo aspecto e sonoridade.

Francisco Pinto

Resultado de cinco anos de pesquisas

Um trabalho para a história

O segundo trabalho discográfico dos Galundum Galundaina, \"Modas I Anzonas\", é o resultado de uma recolha e investigação etnográfica efectuada ao longo de cerca de cinco anos por toda a Terra de Miranda, que é fértil em sonoridades folk.

Este disco é o resultado da interligação das vozes, dos sons instrumentais produzidos por objectos simples e singulares usados no dia a dia até à complexidade de outros como a sanfona, gaita de foles, caixa de guerra ou o bombo. Esta mistura de sons transporta o ouvinte para um ambiente imaginário, só possível em terras raianas ou nas agrestes arribas do Douro.

O disco é já apontado como \" um marco incontornável do Cancioneiro Popular Português\". As melodias populares são enriquecidas com timbres, ritmos e harmonias misturadas com um toque de modernidade.

Com tudo isto, o resultado esta à vista um dos melhores discos de sempre da música trasmontana.



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