A greve dos enfermeiros, que hoje se realiza, provocou o cancelamento de cirurgias programadas o hospital de Bragança, o principal do distrito transmontano, disse a dirigente regional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses Elisabete Barreira.

Os números foram avançados no balanço do dia de greve que, como adiantou Elisabete Barreira, registou uma adesão geral de 66% dos enfermeiros.

Bragança apresenta os mesmos motivos para greve, à cabeça o descongelamento da progressão de carreiras, mas alerta também para as consequências da falta de enfermeiros que se irão ficar evidentes com a entrada em vigor das 35 horas semanais de trabalho.

De acordo com o sindicato, o hospital de Bragança necessita de "mais 30 enfermeiros" para cumprir as 35 horas semanais de trabalho, a partir de julho.

"Neste momento, estamos a preparar-nos para o mês de julho, em que vão entrar as 35 horas para os enfermeiros que estavam a contrato, já estão alinhavados os horários e toda a gente faz muito mais do que 35 horas semanais, o que implica um desgaste porque não há enfermeiros", afirmou a dirigente sindical.

Elisabete Barreira antevê que os enfermeiros do hospital de Bragança "vão ter de trabalhar para além do horário, horas extraordinárias para assegurar os cuidados na totalidade".

"Hospital de Bragança precisa de imediato para cobrir as 35 horas mais 30 enfermeiros", vincou, ressalvando que existe uma bolsa de recrutamento aberta, "mas obviamente leva tempo a recrutar enfermeiros", quando as necessidades são imediatas.

Relativamente às reivindicações que levaram à greve de hoje, a dirigente sindical indicou que no caso da Unidade Local de saúde (ULS) do Nordeste, responsável pelos serviços na região, "existe obviamente boa vontade por parte do Conselho de Administração, que está aberto ao diálogo com o sindicato e os problemas vividos são os mesmo que a nível nacional.

Porém, "a reposição de escalões e o reposicionamento da carreira efetivamente esta instituição não o fez ainda, embora haja instituições do país que já o tivessem feito".

A greve de hoje contou com uma adesão dos enfermeiros do hospital de Bragança, "acima dos 66%, [tendo] os departamentos mais críticos a fazer greve sido o cirúrgico, o bloco operatório, as consultas externas, a traumatologia e a medicina interna", como relatou.

Segundo disse, "houve cancelamentos das cirurgias programadas, que na manhã de hoje seriam da especialidade de Urologia e que não foram realizadas" e "serão apenas realizadas as cirurgias de urgência ou de emergência para as quais está uma equipa em cuidados mínimos assegurando sempre a prestação de cuidados ao doente crítico".

O balanço vai ao encontro das expectativas do sindicato e a dirigente regional de Bragança contou hoje, à porta do hospital, com o apoio de elementos da direção regional do PCP, que quiseram "mostrar solidariedade pela luta mais que justa dos enfermeiros, que a par da justa luta dos médicos, do pessoal de diagnóstico, é fundamental", como afirmou António Morais.

O dirigente comunista defendeu que as reivindicações dos profissionais de saúde "vêm ao encontro da melhoria das condições de trabalho, que se reflete depois na própria prestação de serviço à população".

"Porque profissionais motivados e contentes, certamente, exercerão com mais capacidade aquilo que faz falta na nossa região", defendeu.
Foto: António Pereira



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