A Santa Casa da Misericórdia de Vila Real decidiu ontem antecipar para dia 26 as eleições para os novos corpos directivos, na sequência dos alegados casos de abuso sexual entre jovens num lar juvenil que depende da instituição.

As eleições estavam previstas para o final do ano, mas a provedoria da Misericórdia optou por antecipá-las depois das acusações de negligência reveladas num relatório da Inspecção-Geral do Ministério da Segurança Social (IGMSST), que apontou a prática generalizada de abusos sexuais entre as crianças do Lar Juvenil de São João Bosco. O delegado do Ministério Público de Vila Real já tinha sugerido a destituição da direcção da Santa Casa, mas o tribunal local não avançou com esta decisão devido a um recurso da provedoria da Misericórdia.

Em Fevereiro, o tribunal de Vila Real ordenou a retirada de 18 jovens da tutela da Misericórdia local, depois de um relatório da IGMSST ter concluído que as crianças sofriam de abusos sexuais por parte dos utentes mais velhos desde que a instituição abriu, há 12 anos. Ainda segundo o relatório da IGMSST, divulgado em Janeiro, os responsáveis pela Santa Casa da Misericórdia de Vila Real teriam conhecimento das práticas de abusos sexuais, mas nunca tomaram \"qualquer medida para erradicar esta prática, nem sequer (promoveram)qualquer acompanhamento psiquiátrico ou psicológico dos jovens envolvidos\". O relatório apontava ainda a falta de segurança e conforto e as dificuldades materiais e humanas no lar juvenil.

A direcção da Santa Casa desmentiu sempre as acusações.O actual provedor, Luís Coutinho, já anunciou que não se vai recandidatar ao cargo.



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