O ministro do Trabalho do Luxemburgo, Nicolas Schmit, admite a possibilidade de dar formação profissional em português aos trabalhadores portugueses no país, para alguns setores e "na medida do possível".

Para isso, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e a Agência para o Desenvolvimento do Emprego do Luxemburgo (ADEM) "vão estabelecer contactos com o fim de dar formação em comum" em português, nomeadamente no setor da construção, disse o ministro, que inicia hoje o segundo dia de uma visita a Portugal.

"Para um certo número de setores, como a construção, essa possibilidade [de dar formação em português], que é discutida há muitos anos, pode existir", afirmou o governante luxemburguês.

O ministro esteve reunido na terça-feira com o seu homólogo em Portugal, Vieira da Silva, com quem discutiu "o problema do desemprego entre os portugueses" e "a falta de qualificação de alguns desempregados", e a formação profissional em português - uma reivindicação antiga do sindicato luxemburguês OGBL - foi um dos assuntos discutidos.

Nicolas Schmit alertou no entanto para "a necessidade de os portugueses aprenderem uma língua do país, pelo menos francês".

A ideia de ministrar cursos em língua portuguesa para os trabalhadores da construção já tinha sido proposta pelo sindicato luxemburguês OGBL em 2008, mas apesar de ter sido constituído um grupo de trabalho entre os dois países, essa hipótese nunca se concretizou.

O assunto voltou a estar em cima da mesa em fevereiro, durante a visita ao Luxemburgo do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, que defendeu essa possibilidade junto dos ministros do Trabalho e da Educação do Grão-Ducado, para eliminar as barreiras linguísticas que impedem muitos emigrantes de aceder à formação profissional.

"São pessoas com baixas qualificações, que têm dificuldades na escrita, mesmo em português, e se a formação técnico-profissional não for garantida em língua portuguesa, dificilmente acederão a essa mesma formação", disse na altura à Lusa o secretário de Estado.

Desde 2002 que a lei luxemburguesa exige um diploma emitido pelo Instituto de Formação Setorial da Construção (IFSB) para progredir de escalão profissional, e os cursos também são necessários "para os trabalhadores que caem em situação de desemprego e se querem reconfigurar profissionalmente, adquirindo novas competências", explicou então o secretário de Estado.

O problema é que, para os emigrantes portugueses, que representam a maioria dos trabalhadores no setor, isso significa fazer formação e exames "em luxemburguês, alemão ou em francês", idiomas "que a maioria não domina", ficando por isso "impossibilitados de aceder a essa formação".

"Enquanto a formação profissional não for oferecida em língua portuguesa, do que estamos a falar é de uma possibilidade formal que não corresponde a uma possibilidade real", defendeu na altura José Luís Carneiro.

O ministro do Trabalho do Luxemburgo, que viaja acompanhado pela diretora da ADEM, Isabelle Schlesser, esteve reunido também com o presidente do IEFP, Jorge Barbosa Gaspar, e vai encontrar-se hoje ainda com o primeiro-ministro António Costa.
Lusa



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