Na sequência de um desequilíbrio, agricultor de 53 anos foi esmagado pelo trator que operava em Vimioso, acabando por falecer no local devido à gravidade dos ferimentos.

 

Só este ano, já se verificaram 82 acidentes com tratores, dos quais resultaram 50 vítimas mortais. Ontem, o alerta chegou ao Comando Distrital de Operações de Socorros de Bragança já próximo da hora de almoço e para a aldeia de Matela, concelho de Vimioso, ainda foram mobilizados vários meios de socorro, entre os quais um helicóptero do Instituto Nacional de Emergência Médica. Mas já nada havia a fazer. O homem de 53 anos após, alegadamente, se ter desequilibrado, terá sido esmagado pelo próprio trator, tendo o óbito sido declarado no local e o corpo levado para a morgue em Bragança para autópsia.

Nos últimos quatro anos, foram 270 as pessoas que faleceram em Portugal devido a acidentes com trator. A maioria das ocorrências tiveram lugar no interior norte do país e centro, enquanto os distritos que lideram as estatísticas são Viseu e Coimbra.

Os números são tão alarmantes que o Governo considera intensificar a prevenção com o intuito de reduzir tamanha sinistralidade. Fazem parte do pacote de medidas o reforço da fiscalização ao uso do arco de proteção, cinto de segurança e transporte indevido de passageiros.

No entanto, muitos agricultores do distrito de Bragança referem que o arco de proteção não é prático, pois não pode ser usado em terrenos onde existam árvores, o que acontece a maioria das vezes. Mas, em caso de capotamento, o arco de proteção pode evitar a morte do operador, já que muitas das vítimas morrem por esmagamento.

Quanto ao uso de cinto nos tratores, muitos dos agricultores não concordam pois defendem que sem ele, a sua agilidade permite-lhes “saltar fora” aquando de um capotamento, afirmando mesmo que situações houve já em que se estivessem presos com o cinto teriam sido esmagados pelo próprio trator.    

Naquele que é considerado um dos piores flagelos do setor agrícola nacional, as autoridades querem tomar decisões que possam cessar ou, pelo menos, amenizar este problema que, de ano para ano, vê o número de vítimas aumentar.  

Uma das medidas mais polémicas que o Governo pensa tomar é a realização de inspeções periódicas obrigatórias aos veículos. Mas os agricultores discordam, pois sustentam que os tratores são máquinas do campo, de trabalho intenso e exigente, antigos e que muitos são tão antigos que não terão quaisquer hipóteses de passar nas inspeções.

A verdade é que, frequentemente, são os terrenos acidentados, o erro humano e a idade avançada dos agricultores a contribuírem decisivamente para a elevada sinistralidade. Aliás, são os próprios a garantirem que grande parte dos incidentes mortais com tratores agrícolas envolve pessoas com mais de 70 anos, já com mobilidade reduzida, sendo que em outros se abusa das máquinas, levando-as ao limite e não tendo em conta, muitas vezes, a inclinação acentuada dos terrenos.

No ano transato, estavam matriculados em Portugal, sensivelmente, 280 mil tratores, muitos deles já com várias décadas. Nesse sentido, o Governo pretende, ainda, criar incentivos à modernização daquela que é considerada uma ferramenta fundamental de trabalho agrícola e apostar em campanhas de educação sobre a segurança, bem como em ações de formação com as quais os agricultores até concordam.

 



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