Os cinco produtores que compõem o grupo “Douro Boys” quadruplicaram o volume de negócios desde a formação, há 15 anos, colhendo o fruto do investimento num projecto inédito de promoção dos vinhos durienses.

Lançado em 2003 pelos produtores Quinta do Vale Meão, Quinta Vale D. Maria, Quinta do Crasto, Niepoort e Quinta do Vallado, o projecto "Douro Boys" tinha por objectivo dar a conhecer melhor os vinhos de mesa do Douro, região que até então era sinónimo de vinho do Porto.

Na altura, o volume de negócios combinado era de 6,7 milhões de euros, mas em 2017 ascendeu aos 32,355 milhões de euros, um crescimento de 383%, segundo números fornecidos à agência Lusa.

As exportações também subiram 318% em valor, de 4,076 milhões de euros em 2003 para 17,046 milhões de euros no ano passado.

Este crescimento foi sustentado no desenvolvimento dos vinhos de mesa do Douro, que há 15 anos eram pouco conhecidos e tinham uma produção reduzida, conta Francisco Olazabal, um dos proprietários da Quinta do Vale Meão.

"Quando começámos não tinha expressão em comparação com o Vinho do Porto. Hoje em dia representa em valor 30-40%. Era completamente impensável", garante.

A paridade poderá acontecer dentro de poucos anos, acredita, em parte devido "à custa de uma estagnação do negócio do Vinho do Porto, que não tem crescido".

Hoje, os cinco, que já foram apelidados de "mosqueteiros" da região, vão estar entre 27 produtores portugueses no Encontro de Vinhos Finos de Espanha e Portugal organizado pela revista especializada Decanter em Londres, onde se esperam cerca de 800 visitantes.

Tal como fizeram na sexta-feira, num evento para escanções e jornalistas, vão organizar uma "masterclass" onde compararam vinhos com 10 anos de diferença.

Provas como esta pretendem mostrar, explicou Joana Pinhão, enóloga na Quinta Vale D. Maria, o potencial de envelhecimento do vinho do Douro para estar ao nível dos melhores do mundo, que podem custar até 500 euros por garrafa.

Em 2012, a plataforma Douro Boys foi um dos seis vencedores dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial 2012, na categoria de apoio à internacionalização das empresas.

Passados 15 anos desde o início do projecto, Dirk van der Niepoort acredita que a prioridade já não está em "vir para fora vender o peixe", mas em levar profissionais e consumidores ao Douro.

"O turismo tem crescido 17%-20% ao ano, e eu acho que trazer as pessoas para perceberem o duro que é, a beleza que é, o trabalho que dá, para mim, é um dos argumentos que faz a diferença", afirma.

Francisco Ferreira, administrador da Quinta do Vallado, enfatiza como a geografia do Douro tem impacto no negócio: devido ao solo rochoso e vinhas em socalcos, custa muito mais produzir vinho ali do que, por exemplo, no Alentejo.

Esta desvantagem deve ser usada a favor dos produtores, defendeu Tomás Roquette, administrador da Quinta do Crasto, argumentando: "Temos uma mais-valia que outras regiões [vinícolas] não têm. Podem produzir vinhos espectaculares, mas não têm a história e a paisagem que nós temos. Nós temos mais autoridade para vendermos os vinhos mais caros".



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