Os concelhos de Santa Marta de Penaguião e Peso da Régua, no distrito de Vila Real, foram atingidos, durante o mês de Dezembro de 2000 e nos primeiros dias de Janeiro deste ano, por fortes intempéries, que provocaram a morte a quatro pessoas e avultados prejuízos em habitações, equipamentos e infra-estruturas públicas.

Em Janeiro, num dia em que a chuva caiu intensamente, Manuel Pereira Liberato, de 32 anos, chegou ao lugar da Azinheira, Alvações do Corgo, concelho de Santa Marta de Penaguião, depois de um passeio à Régua. Aí, deparou com uma tragédia que iria afectar a sua vida para sempre. Uma derrocada provocada pela chuva intensa tinha destruído a sua casa e causou a morte à sua mulher e aos dois filhos, que ficaram soterrados nos escombros.

Nove meses depois, a dor da tragédia ainda é bem visível no rosto de Manuel Liberato, que só a muito esforço consegue esconder as lágrimas que teimam em cair. Depois de ficar sem família e sem casa, este trabalhador agrícola e a sua mãe, Maria das Dores Pereira, de 62 anos, que também morava na habitação destruída, foram viver para o rés-do-chão do edifício da Junta de Freguesia de Alvações do Corgo.

"As condições da casa da junta não são as melhores, mas serviram para remediar durante este tempo todo", afirmou Manuel Liberato.

Apesar de toda a solidariedade dada pela população da freguesia, o trabalhador queixa-se da falta de apoio institucional, pois "nunca recebi ajuda de um psicólogo e o Rendimento Mínimo foi-me recusado, numa altura em que a dor da perda, quase me incapacitou para o trabalho", disse.

O trabalhador recebeu das mãos do secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administrações Interna, Carlos Zorrinho, a chave da casa nova, ou seja, dois pré fabricados contíguos.

Apesar da casa nova, Manuel Liberato não consegue sorrir e só mesmo o facto de ir viver com a mãe para um sítio só seu, lhe dá algum conforto. Uma resolução que é provisória, pois todas as famílias atingidas pelo mau tempo serão alojadas posteriormente em habitações construídas para o efeito.

Em Alvações do Corgo foi também assinado um protocolo entre o Instituto Nacional de Habitação (INH), o Serviço Nacional de Protecção Civil (SNPC) e a Câmara de Santa Marta de Penaguião, para a construção, de raiz, da habitação que no futuro irá alojar aquela família. Com um custo de 10 mil contos, a habitação vai ser paga em conjunto pelo INH e o SNPC.

O secretário de Estado referiu que a demora de nove meses pela entrega da casa se deve à dificuldade de transportar os pré fabricados pelas estradas da região, que ficaram, grande parte, intransitáveis para pesados devido ao mau tempo, e pela dificuldade em encontrar terreno para a sua instalação.

Depois de entregar a chave da casa nova a Manuel Liberato, Carlos Zorrinho dirigiu-se para Caldas de Moledo, concelho do Peso da Régua, onde entregou mais um pré-fabricado a um casal e ao filho, que desde Janeiro vivem nas instalações do café do parque daquela localidade e em casa de um familiar, respectivamente.

Vão ser ainda distribuídos mais três pré-fabricados no concelho de Vila Real, nomeadamente em Tanha, Torgueda e Lordelo.

Segundo Carlos Zorrinho, em todo o país, foram solicitados 48 pré-fabricados para albergar famílias desalojadas pelo mau tempo. O membro do Governo salientou que, para a recuperação dos prejuízos causados pelas intempéries, foram já gastos mais de 96 milhões de contos.



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