Já é longa a tradição em Montalegre, distrito de Vila Real, de festejar todas as «Sextas-feiras 13». Esta sexta-feira não é excepção e o tvi24.pt dá-lhe a conhecer o padre Fontes, um homem das «ciências do oculto», mas que está preocupado em desmistificar as crenças erradas sobre a cultura popular.

Para celebrar a tradição da Sexta-feira 13 está prevista uma peça de teatro, em que os actores que encarnam bruxas, duendes e demónios, que vão assombrar a vila, são idosos e crianças do concelho. A «Festa das Bruxas» conta ainda com a participação do Padre António Fontes.

Em conversa com o tvi24.pt,o padre António Fontes, que é também um dos principais dinamizadores do Congresso de Medicina Popular em Vilar de Perdizes, revelou que o objectivo desta festa é desmistificar as ideias erradas das pessoas acerca da cultura popular, como o mau-olhado, bruxedo entre outras.

«Estas festividades vão ao encontro de tentar contrariar os conceitos falsos destas crenças, há que evoluir, abrir mentalidades», explicou.

A inveja não tem poder

Padre Fontes vai mais longe e esclarece «que o mal só existe na cabeça das pessoas, a inveja não tem poder, faz mal sim, às pessoas que acreditam que estão sob esse mal», apontou.

O pároco explicou ainda que há também quem faça negócio com os males dos outros. «Há quem se aproveite das fragilidades das pessoas e faça negócio em colocar na cabeça de quem os procura que têm este ou aquele mal. O problema está também nas mentalidades retrógradas de quem procura o oculto para resolver os seus males», adiantou.

O conselheiro

Este homem, de que tanto se tem falado um pouco por todo o lado, tornou-se conselheiro de muitos e há quem considere que é exorcista, mas o próprio revela que «nunca fez isso».

«Eu apenas actuo com diálogos psicológicos, interpreto as palavras de quem me procura e só com a força das minhas palavras tento mostrar o caminho da verdade», pois, o poder é nosso», explicou ao tvi24.pt.

A Igreja Católica, não vê com bons olhos o seu envolvimento com actividades profanas e ao oculto, mas isso nunca foi motivo para desistir de abrir a sua porta a quem precisava de auxílio na resolução de problemas pessoais.

«Eles pensam que sou um charlatão como os outros, mas eu nunca pedi nada em troca por aquilo que fiz. Bem sei que há quem tenha a capacidade de curar, existe a cura pelas mãos, pelas palavras, pelos olhos, pelas massagens», afirmou.

O padre aponta ainda que o «exorcismo é uma farsa, uma representação entre o actor e o espectador. Eu não acredito em bruxas, nem em feitiços, nem sequer no diabo, acredito sim no poder das palavras». O Padre Fontes tem pena que ninguém siga os seus passos, que a sociedade recuse esta actividade, mas como diz «estou-me a marimbar para isso».

Porém, o padre Fontes confidenciou que desistiu de «andar nesta vida», já há dois anos, motivado principalmente pela sua doença de Parkinson que foi agravada pela sua intensa actividade. Apesar da incapacidade que o perturba, assume que mesmo assim, continua a celebrar missa em quatro paróquias todas as semanas.

Neste momento, recusa receber as pessoas, «todos os dias insistem que fale com elas e que as encaminhe, mas eu estou cansado e doente, exclamou.

O problema é que quem me procurava, criou uma dependência estavam sempre aqui, esse é o mal, a minha função era encaminha-las e não proporcionar essa ligação», explicou.

Ainda assim, este homem que esteve sempre ligado à dinamização da sua região, pela criação de postos de trabalho é uma figura de muito prestígio para aquela população.



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