A principal porta de entrada no “novo” Tua, em Trás-os-Montes, abre ao público esta quarta-feira, proporcionando viagens virtuais pela barragem que mudou a paisagem e pelas memórias do vale e da linha centenária desativada.

Um investimento superior a dois milhões de euros transformou dois antigos armazéns da estação ferroviária do Tua num centro interpretativo que, para quem chega a esta zona, vindo, por exemplo, da linha ou dos barcos do Douro, passa a ser “a grande porta de entrada no vale”.

A descrição foi feita à Lusa por Fernando Barros, presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, o organismo criado para gerir projetos e contrapartidas que a EDP disponibiliza à região pela construção da barragem de Foz Tua.

O centro interpretativo é uma das contrapartidas e vai ser gerido durante oito anos pelo município de Carrazeda de Ansiães que, em conjunto com Alijó, Murça, Mirandela e Vila Flor, fazem parte da área de influência da albufeira e da agência, em que também é parceira a elétrica portuguesa.

O novo espaço aposta na tecnologia para mostrar ao visitante memórias do vale, da centenária ferrovia desativada que chegou a ligar o Tua a Bragança, e o novo contexto deste território com a barragem, entretanto construída, como explicou o responsável.

O centro interpretativo reserva um túnel em cortiça onde “é recriada uma cápsula temporal que direciona o visitante num percurso de milhares de anos, desde a dimensão geológica e natural do vale até ao seu povoamento”.

No tema “A Linha do Tua”, “a ideia é levar o visitante a recordar o caminho-de-ferro e compreender a realidade local, podendo envolver-se com o sentimento dos habitantes pela perda do acesso ao comboio”.

“No tema “A Barragem” quer-se levar o visitante a compreender a barragem, independentemente do posicionamento de cada um”, segundo os promotores.

O centro interpretativo receberá também exposições temporárias e faz parte de um conjunto de compensações em que se incluiu a agência, o Parque Natural Regional do Vale do Tua, recuperação de património, projetos de apoio ao empreendedorismo e a mais emblemática: o plano de mobilidade turística e quotidiana.

Este plano prevê que o comboio regresse aos carris entre Mirandela e a Brunheda, enquanto o restante antigo percurso da ferrovia agora submersa, será reservado a viagens de barco na nova albufeira da barragem.

Os equipamentos estão prontos, mas falta um acordo global entre as diferentes entidades envolvidas, nomeadamente sobre quem fica responsável pela manutenção da via-férrea.

O vale do Tua recebe ainda o equivalente a 3% da faturação anual com a produção de energia para sustentar os diferentes projetos de dinamização.



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