O presidente da câmara de Vimioso culpa o Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) pelo facto de ao longo dos anos, ter dado «vários» pareceres negativos para a construção de uma mini-hídrica na ribeira de Angueira.

O projeto teve início há cerca uma década e obteve «cerca de seis pareceres negativos» da parte do ICNB ao empreendimento, o que, na opinião do autarca, «não se justifica». «Apesar dos sucessivos pareceres negativos do ICNB, o assunto não está encerrado e vamos continuar a lutar pela construção da barragem.

Tanto eu como o meu homólogo de Mogadouro estamos de saída, mas não vamos deixar cair o assunto», disse hoje à Lusa José Rodrigues. O autarca lembra o incêndio que na passada semana consumiu vários hectares de mata numa das freguesias do concelho, reiterando que é preciso construir mais pontos de água para abastecimento dos meios aéreos de combate às chamas.

José Rodrigues, que se encontra no final de três mandatos consecutivos, lamenta não ter conseguido erguer um projeto «que só traria dividendos económicos» para os concelhos de Vimioso e Mogadouro. No entanto, o Estudo de Impacto Ambiental refere que a albufeira da barragem poderá ter impacto «negativo» na fauna e flora exigente nas margens da ribeira de Pau, nomeadamente ao nível de plantas como o bucho ou de animais como a lontra.

"Se houvesse uma maior abertura para a construção de mini-hídricas, ou outros pontos de água, haveria uma maior facilidade para controlar os incêndios que devastam hectares de floresta nos nossos concelhos\", acrescentou o autarca.

Segundo José Rodrigues, entidades como o ICNB deveriam ser mais colaborantes com as autarquias e com as populações, no sentido de se construírem mais pontos de água ou pequenas barragens.

O empreendimento, orçado em cerca de 6 milhões de euros, contará com uma turbina geradora capaz de produzir 11.64 Gigawatts/hora (Gwh) de energia. Trata-se de um empreendimento desenvolvido pela Hidroerg-Projetos Energéticos, Lda, em conjunto com as Câmaras de Vimioso e Mogadouro, destinado à produção de energia.

O aproveitamento hidroelétrico será construído no troço final do rio Angueira, abrangendo as freguesias de Algoso e São Martinho do Peso. A produção de energia será feita em regime de exploração a «fio de água», utilizando, apenas, os caudais «disponíveis após as utilizações prioritárias», nomeadamente para «fins ecológicos».

O local escolhido pela autarquia fica a jusante da zona de confluência do rio Angueira e da ribeira da Ponte de Pau, nas proximidades de uma ponte do século XVII que liga Algoso, no concelho de Vimioso, a Valcerto, já no município de Mogadouro.



PARTILHAR:

Em terra batida

Têm visões diferentes