Foram a hasta pública, em Vila Real, oito lotes de madeira provenientes de Pinho, Valdigem e Sobradelo, uma parte do pinhal que ardeu num incêndio, no Verão passado, que dizimou cerca de 1500 hectares nos concelhos de Boticas, Chaves e Vila Pouca de Aguiar. Os lotes, segundo o chefe da Divisão de Valorização do Património Florestal da Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Douro (DRATM), Eduardo Silva Alves, foram adjudicados provisoriamente.

No entanto, a maior parte dos industriais da madeira que apresentaram propostas para a compra deste material lenhoso recusaram participar na sessão, alegando que as propostas apresentadas se baseavam em \"mapas imprecisos\".

Uma semana antes, já havia sido levada a hasta pública uma parte da madeira. Mas como não estiveram presentes todos os concorrentes, a venda foi adiada. Contudo, foi nessa altura que António Martins, um industrial, foi alertado para a \"grande diferença\" que existia entre o número, volume e dimensão constantes no caderno de encargos e a realidade, já que \"não existe essa quantidade de árvores no local\". \"Na abertura das propostas, constatei que apresentei verbas muito mais altas do que o real valor do material ali existente e, como tal, fiquei logo com sete dos oito lotes\". Por esse motivo, o advogado de António Martins já apresentou uma reclamação à DRATM, aguardando neste momento uma resposta.

Foram vários os lenhadores que se queixaram desta \"falta de verdade\". José Xavier foi outro dos compradores que diz ter feito \"um mau negócio\", porque também ele constatou que \"a quantidade de material lenhoso apresentada nos cadernos de encargos não corresponde à que realmente existe nos lotes\".

Por sua vez, Eduardo Alves contesta o protesto dos madeireiros, porque, como explicou, \"as manchas para venda estavam devidamente identificadas e foram utilizados os meios mais actuais à disposição da DRATM para o levantamento do material existente\". Este responsável garante que \"o erro de amostragem é inferior a dez por cento, perfeitamente aceitável, por isso se colocou o material à venda\". Além disso, o técnico diz que os industriais \"tiveram tempo\" para se deslocarem ao local e fazerem a sua avaliação. Por isso, sublinhou, \"as propostas apresentadas são da responsabilidade dos próprios madeireiros\".

Os negócios efectuados em hasta pública ficarão definitivamente concluídos quando se proceder à assinatura dos contratos. Se algum dos concorrentes quiser desistir do negócio, o lote em causa passa para a proposta que ficou em segundo lugar.



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