O vencedor do Prémio Pritzker foi surpreendido pela “maneira afável e carinhosa” como foi tratado durante a sua breve estadia na capital do nordeste, onde foi homenageado por ocasião do Plast&Cine 2017.

 

Depois de, em 2015, na primeira edição do Plast&Cine, a autarquia ter decidido prestar tributo à artista transmontana, a pintora Graça Morais, na segunda edição, o eleito foi um dos mais prestigiados arquitetos portugueses de renome mundial, o responsável pelo Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e, mais recentemente, pelo Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano.

O centro histórico, mais precisamente a Praça Camões e a Praça da Sé, foram dois dos cenários escolhidos para a sessão de abertura do Plast&Cine 2017, que teve início pelas 14h30, a 21 de abril, e onde decorreram vários momentos dedicados a Eduardo Souto de Moura e que o próprio descreveria mais tarde como “emotivos” e “comoventes”. Entre os quais, o envolvimento dos utentes da Santa Casa da Misericórdia de Bragança e dos alunos de várias escolas da cidade na recriação de uma das obras mais emblemáticas da sua autoria, o Estádio Municipal de Braga, mais comummente designada por “A Pedreira”, naquele que foi, definitivamente, o ponto alto do rol de homenagens e que abriu da melhor forma a tarde de sexta-feira. Seguiu-se uma breve visita a quase uma dezena de projetos espalhados pelo centro, pequenos em tamanho, mas carregados de simbolismo, concebidos por artistas e arquitetos locais e cujos traços remetiam para a vida e obra do laureado.

“A evocação das obras, neste caso as minhas, para mim é um reconhecimento e fico muito sensibilizado”, começou por declarar Souto Moura à Comunicação Social, para quem, a arquitetura, hoje em dia, “não é muito bem tratada”. “Tem que ser dito. Portanto, isto é um consolo ver tanta gente tão simpática e agradável a falar comigo e a cumprimentar-me”, confessou o homenageado.  

“Houve um exercício de uma escola em Braga em que os alunos fizeram todos desenhos sobre o estádio, após estar terminado. Se a obra não tinha acabado ali, quer dizer que continuou na memória das pessoas. Quando uma obra faz parte da memória coletiva, é uma honra para o arquiteto”, referiu, recordando o passado e traçando uma analogia com o presente disse: “e é ao que eu estou a assistir aqui. Não só essa memória física dos edifícios, mas também levo na memória a maneira afável e carinhosa como estou a ser tratado, que é uma coisa que eu não esperava”.

Recorde-se que o arquiteto portuense foi a mente criativa por detrás do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e, mais recentemente, pelo Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano.  

 

“Quando o trabalho sai do individual para o coletivo e é reconhecido, é o princípio do património, é quando o coletivo adere, e isso é a coisa mais maravilhosa para um arquiteto. E está a acontecer aqui. Portanto, estou encantado e comovido”, Souto Moura in Plast&Cine 2017.

 

Outro dos seus feitos, a par com o seu colega e amigo, Siza Vieira, foi a conquista, em 2011, do tão cobiçado Prémio Pritzker, tido como o mais importante galardão internacional na área da arquitetura, seguindo-se, em 2012, o Prémio Wolf para as Artes, atribuído, rotativamente, entre a arquitetura, a música, a pintura e a escultura pela fundação israelita com o mesmo nome. São laureados “cientistas ou artistas por contributos excecionais para a Humanidade e para as relações amigáveis entre os povos, independentemente da raça, cor, religião, sexo ou ideologia política”, sendo que, na altura, o júri terá justificado a atribuição do prémio com os contributos do arquiteto “para o ofício e as ideias da arquitetura”.

Habituado já à presença de Souto Moura por terras do Nordeste Transmontano, o presidente da Câmara Municipal de Bragança fundamentou o porquê da escolha do célebre arquiteto para personalidade a ser homenageada na segunda edição do Plast&Cine. “Foi com a obra de Bragança, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, que ganhou o Prémio Pritzker e, portanto, seria de todo justo que pudéssemos promover esta homenagem reconhecendo o mérito e o valor deste grande arquiteto que é o Eduardo Souto Moura”, evidenciou Hernâni Dias, sublinhando a “homenagem singela, mas muito sentida” prestada não só pelo município, mas, também, pela comunidade brigantina.

O grande ausente foi mesmo Siza Vieira, que iria estar à conversa, moderada pela jornalista Ana Sousa Dias, com o seu colega e amigo de longa data, o arquiteto Souto Moura. “O Siza teve um problema familiar e não pode vir. Foi ontem à noite a minha casa e pede desculpa”, explicou a figura em destaque do Plast&Cine 2017, já com mais de 30 anos de carreira e para quem “a arquitetura não é uma arte”, mas antes a “resolução de problemas”.

 

GALERIA FOTOGRÁFICA EM:

http://www.diariodetrasosmontes.com/fotogaleria/plastcine-2017-braganca

 

 



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