As figuras dos rituais do solstício de Inverno continuam vivas nas terras de Miranda. São cinco as localidades onde, no Natal e Ano Novo, os rapazes saem à rua com as suas singulares máscaras e trajes espampanantes.

Em Vale de Porco, Bruçó e Bemposta, no concelho de Mogadouro, estes rituais pagãos continuam a ser uma festa onde os rapazes dão largas a rituais relacionados com a fertilidade. No concelho de Miranda do Douro, Vila Chã da Braciosa e Constantim continuam a ser aldeias onde \"cécias\", \"velhos\" e \"velhas\" vão para as ruas à \"caça\" de peças do fumeiro, para serem oferecidos ao Menino Deus.

Segundo António Mourinho, director do Museu Terras de Miranda, em todo o Planalto Mirandês ainda hoje se celebram com bastante pureza relativamente ao seu ritualismo original. O investigador garante ao JN que as festas do solstício de Inverno são rituais de profundo significado mitológico, ritos de iniciação, mitos do eterno retorno, cuja origem se perde nos tempos.

Assim, os chocalheiros, os \"velhos\" e \"farandulos\", mascarados e vestidos a rigor, vão para a rua em momentos de alegria, descanso da vida, no meio da faina agrícola. Dada a importância antropológica destes rituais, o Museu Terras de Miranda tem no seu espólio um conjunto destas figuras.

Em Vale do Porco, a festa prolonga-se até ao Carnaval. Nesse dia, são queimadas a veste e a máscara - já que algumas figuras podem simbolizar o Diabo -, o que representa o castigo que o Menino Deus dava ao mascarados pelas suas travessuras.



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