Augusto Moisés Teixeira, solteiro, nasceu em 1963, em Lamalonga, Macedo de Cavaleiros, norte de Portugal. Emigrou para a Suiça há cerca de dez anos. Pedreiro de profissão esteve, desde o primeiro dia, ligado à empresa Halter AG, com sede na região de Zurique. Era membro do sindicato GBI.
O Augusto morava, como dezenas de outros colegas, num conhecido alojamento colectivo destinado aos trabalhadores temporários. Duas semanas antes participou numa reunião informativa sobre os acordos bilaterais, promovida pelo sindicato. No local da reunião, a cantina do alojamento, escutamos com tristeza os detalhes do acidente pela voz dos seus colegas de trabalho, do irmão e do cunhado.
"Estava a fazer uns rebocos em cima de uma plataforma provisória instalada no canal destinado à passagem dos elevadores, situado no 11º andar. Sem se saber como, deu uma queda de mais de trinta metros de altura, tendo morte imediata".
No momento da nossa conversa, a trágica morte do Augusto estava ainda por explicar. Afirmavam que as plataformas dos andares inferiores haviam sido retiradas para facilitar a montagem das calhas destinadas aos elevadores. Outros diziam que, entre o andaime e a parede estava um espaço sem protecção.
A polícia e os responsáveis da segurança nas obras compareceram de imediato, os trabalhos foram suspensos e um inquérito foi aberto.
Esta foi, só na Suiça Alemã, a quinta morte desde inícios de Setembro, de um operário de construção de origem portuguesa.
Na triste lista de acidentes profissionais, a indústria da construção ocupa lugar avançado: 54'344 acidentes num total de 270'767 em 1998. De uma maneira geral, os acidentes afectam sobretudo os homens com menos de 45 anos de idade.

Fazer mais pela segurança

A companhia de seguros de acidentes de trabalho - SUVA - e os sindicatos, procuram conjugar esforços no sentido de uma tomada de consciência cada vez mais forte no combate aos acidentes, encorajando as empresas a fazerem investimentos. Desenvolve-se também uma grande campanha de informação. Só que, estamos longe de ver os seus efeitos.
Para os colegas do Augusto, que conhecem os perigos e os vivem diariamente, os problemas são outros, isto é: a forte pressão patronal junto dos trabalhadores, o "stress", a falta de formação de muito do pessoal contratado sem o cuidado necessário, a irresponsabilidade dos chefes, a entrega de trabalhos a empresas de construção temporária, e muitos outros.



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Uma morte por explicar

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