O Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, vai ser inaugurado segunda-feira pelo Presidente da República. Exposição inaugural terá trabalhos de quando o pinto tinha apenas 15 anos.

O Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, que vai ser inaugurado segunda-feira pelo Presidente da República, vai ter patente, até ao final do ano, uma exposição alusiva a 35 dos 70 anos de trabalho do pintor.

A exposição inaugural “Nadir Afonso — Chaves para uma Obra” integra trabalhos do artista quando tinha apenas 15 anos e nos quais retratava rostos de familiares, disse à agência Lusa o curador Bernardo Pinto de Almeida, professor catedrático na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

“Nadir Afonso é um dos grandes artistas do século XX, não que não se soubesse, mas este museu vem agora mostrar a sua grandeza”, afirmou.

Construído na margem direita do rio Tâmega, o museu, cujo piso foi elevado por meio de uma série de lâminas estruturais perpendiculares ao rio por estar em terreno inundável, representou um investimento de oito milhões de euros, financiado a 85% por fundos comunitários, e vai reunir o espólio do pintor, dando-o a conhecer como artista e filósofo.

O espaço museológico tem um auditório com capacidade para 100 pessoas, salas de exposições temporárias e permanentes, arquivo, biblioteca, cafetaria, ateliê de Nadir Afonso e loja.

No dia 8 de julho, Dia da Cidade e do Município de Chaves, o espaço poderá ser visitado gratuitamente entre as 10h00 e as 24h00, havendo ainda um concerto de Tiago Bettencourt às 23h30.

Numa primeira fase da exposição, as telas, pintadas por Nadir Afonso a partir dos 15 anos, retratam rostos de familiares e elementos da cidade de Chaves, sua terra natal, explicou o curador.

“Depois assistimos ao início da sua carreira como pintor onde mergulha no surrealismo, desenvolvendo obras abstratas ao nível da melhor pintura internacional”, acrescentou.

Do surrealismo, Nadir Afonso parte para uma abstração mais geométrica e, numa segunda fase, para o período barroco e egípcio, adiantou.

Bernardo Pinto de Almeida salientou que, depois de uma fase mais abstrata, Nadir Afonso – que morreu em 2013 – chegou ao “Espacillimité”, momento chave da sua obra, onde introduz elementos cinéticos nos seus trabalhos, através da criação de uma máquina que permite que uma pintura rode sobre si mesma como se fosse um filme.

A última parte da mostra incide sobre imagens idealizadas das cidades, não são cidades reais, mas evocações, sustentou.

O curador revelou que o “Mestre Nadir” era um pintor compulsivo, que vivia para o trabalho e não cuidava nem do sucesso, nem do reconhecimento, nem da promoção. “Chaves vai figurar no mapa das cidades onde é possível ver arte nacional e internacional ao mais alto nível, isso é muito importante para a região”, defendeu.

O chefe da Divisão de Desenvolvimento Social e Cultural da Câmara de Chaves, Carlos França, não tem dúvidas de que o espaço vai suscitar muita curiosidade e procura. “Espero ter muitos visitantes de norte a sul do país, mas sobretudo do lado espanhol, dada a nossa proximidade”, sustentou.
Lusa



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