A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) lançou um projeto-piloto que tem como principal objetivo “tirar partido da colheita de água da chuva em linhas de água, permitindo assim o seu aproveitamento para fins agroflorestais e para a criação de reservas de água no combate aos fogos florestais”.

A investigação já foi publicada em prestigiadas revistas internacionais.

A investigação levada a cabo pelos Departamentos Florestal, Geologia e de Engenharia Civil da UTAD estudou a interação entre os ecossistemas florestais e os ecossistemas aquáticos e foi publicado em revistas especializadas internacionais, nomeadamente na Science of the Total Environment e no Journal of Hydrology.

“Enquanto instituição de saber preocupada com os problemas sociais e ambientais, com investigação e conhecimento reconhecidos na área florestal e das questões hídricas, a UTAD tem dirigidos diversos alertas aos decisores políticos e à sociedade em geral, quanto ao delapidar constante dos recursos naturais com repercussões gravíssimas, não só na floresta e no ecossistema, mas também ao nível do clima e de bens essenciais como a água e o solo, assim como quanto à necessidade de formar mais engenheiros e de apostar em investigação nesta área”, pode ler-se no comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso.

O professor Rui Cortes, da UTAD, explica que as medidas preconizadas em tempo de seca “são parte de uma atuação de contingência muito restrita e destinada a suprir deficiências pontuais no abastecimento às populações” e que não deve ser esquecido “o efeito da eutrofização: quando menor o caudal, pior a qualidade da água, que tenderá a ter uma concentração muito superior de nutrientes”.

“Quanto menos floresta, menor é a capacidade de infiltração de água no solo, por dois motivos: o efeito da erosão que conduz a perdas de solo consideráveis, e a frequente formação de camadas superficiais de solo hidrófobas (repelentes à água) que criam a compactação das camadas superiores, especialmente em eucaliptais. Esta situação leva a outra consequência dramática, da qual se tem falado pouco e que poderá ter lugar já no próximo inverno: o efeito de cheias”, elucida o especialista.

Sobre os fogos que têm assolado o país, Rui Cortes antecipa ainda a possibilidade de consequências na “qualidade da água originada pela intensa exportação de nutrientes (especialmente compostos azotados e fosfatados), afetando a sua utilização para fins múltiplos”.

Estas preocupações levaram a UTAD a apresentar o projeto-piloto em causa, em que se pretende “tirar partido da colheita de água da chuva em linhas de água selecionadas para o efeito, permitindo seu aproveitamento para fins agroflorestais e até para criação de reservas de água para combate aos fogos florestais, ao mesmo tempo que permite diminuir a pressão na utilização dos recursos hídricos de superfície”.



PARTILHAR:

Projeto Língua Ler reduziu insucesso na leitura

Acidente de trabalho nas obras de reparação de ponte