A sexta-feira 13 é o dia de azar, pelo menos é assim popularmente conhecida. Quando começou esta crença? A resposta para esta pergunta não é simples.

Existem várias teorias, desde a versão de que foi nesse dia que o rei de França classificou a Ordem dos Templários como ilegal, ou que Jesus Cristo terá sido morto numa fatídica sexta-feira 13, segundo o calendário hebraico. Existem mais teorias, mas o facto é que é sempre um dia temido. Ou melhor, era, pelo menos pelas bandas de Montalegre, onde passou a ser sinónimo de festa.
Esta tradição começou há alguns anos e tem origem num homem da Igreja.

Foi numa pequena aldeia da capital do misticismo, como a autarquia se apelida, que tudo começou.
O padre Fontes criou uma pequena feira na aldeia de Vilar de Perdizes que de repente se tornou um sucesso. De 1983, a primeira edição da feira, até aos dias de hoje, a Feira e Congresso de Medicina Popular tornou-se ponto de referência para os amantes do misticismo.

Desde as mais populares mezinhas até às leituras de mãos, tudo passa por Vilar de Perdizes, tornando-se num cartaz conhecido em todo o país, e que todos os anos arrasta para Montalegre milhares de visitantes.
Usando a seu favor o facto de Montalegre estar já associado ao misticismo, há cerca de dez anos, o padre Fontes teve a ideia de festejar a sexta-feira treze. Para isso, foi buscar uma tradição à vizinha Espanha: a queimada, uma bebida que tem por base o aguardente e açúcar.

O padre Fontes incentivou os restaurantes locais a decorarem os seus espaços de acordo com o tema. Sal derramado na mesa, escadas à entrada dos locais obrigando as pessoas a passar por baixo, talheres cruzados e tudo o que estivesse relacionado com o azar e o misticismo.

No final da noite, as pessoas eram convidadas a reunir numa praça da vila, em redor de um grande pote colocado em cima de uma fogueira, onde o padre Fontes ia colocando os ingredientes da queimada ao mesmo tempo que recitava o Esconjuro.

De um início mais temido até aos grandes festejos de hoje em dia, foi um pequeno passo.
A autarquia acolheu a ideia e de então para cá¡, todas as sextas-feiras 13, ou como é conhecida, a Noite das Bruxas, milhares de pessoas se dirigem a Montalegre, vestidas a preceito, para comemorar a data.

Para esta próxima sexta-feira, a autarquia promete um espectáculo \\"mágico\\", que vai contar com mais de trezentos figurantes, fogo de artifício e muita animação. O menu nos cerca de cinquenta restaurantes e bares locais também é especial e o concelho decora-se a rigor.

São esperados cerca de 30 mil visitantes, mas o ponto alto será sempre quando o padre Fontes fizer o seu Esconjuro:
\\"Mouros, corujas, sapos e bruxas. Demónios, duendes e diabos, espíritos dos nevoeiros. Corvos, salamandras e meigas, feitiços das curandeiras. Troncos podres e furados, lugar de vermes. Fogo das Guerras Santas, negros morcegos; Cheiro dos mortos, trovões e raios. Orelha de cão, pregão da morte; Focinho de rato e pata de coelho.

Pecadora língua de mulher má casada com homem velho. Casa de Satanás e Belzebu, fogo dos cadáveres ardentes; Corpos mutilados de ignescentes, peidos de cus infernais
Bramido do mar bravo; Barriga inútil de mulher solteira; Miar de gatos que andam à solta. Guedelha suja de cabra mal parida. Com este fole levantarei as chamas deste lume
que se assemelha ao do inferno E fugirão as bruxas a cavalo das suas vassouras indo-se banhar na praia das areias gordas. Oiçam! Oiçam os ruídos que fazem as que não podem deixar de queimar-se na aguardente ficando assim purificadas. E quando este preparo, passar pelas nossas goelas, ficaremos livres dos males da nossa alma e de todo o embruxamento. Forças do ar, terra, mar e lume! A vós faço a chamada: Se é verdade que tendes mais força que a humana gente, aqui e agora, fazei com que os espíritos dos amigos que estão fora, participem connosco nesta Queimada\\".

Yo no creo en brujas pero que las hay, las hay!



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