Henrique Ferreira
A coisa, no PS, é brava!
António Costa e alguns barões do Partido Socialista (que não quiseram ou ainda não quiseram dar a cara) acharam que António José Seguro e os membros da sua equipa são os responsáveis pela vitória limitada que o Partido teve no dia 25 de Maio de 2014, para as eleições europeias.
Não consideraram eles nem os malefícios que a equipa de José Sócrates causou ao país e ao PS nem as condições específicas da abstenção do eleitorado nestas eleições.
Por mais que António Costa badale o seu interesse no fortalecimento do PS, o que sobressaiu do seu acto foi uma OPA (operação pública de aquisição) ao Partido sem que, no próprio órgão o interesse do mesmo Partido fosse discutido, quanto mais não fosse por uma questão de ética e lealdade estatutária.
Assim, António Costa causou já um enorme malefício ao PS: transformou o partido numa organização sem regras, onde os free-lancers podem fazer o que quiserem.
Isto não põe em causa a legitimidade de António Costa se propor para Secretário Geral. Só que devia tê-lo feito de outra forma, de uma forma estatutária.
O seu nome e o seu cargo têm suficiente influência para arregimentar gente que quer uns cargozitos. No PS, já se contam as espingardas e, em vez de discutir ideias, discutem-se pessoas, listas e cargos. De ano para ano, isto agrava-se.
Um partido assim não oferece confiança aos portugueses. O PS tem de mudar muito. Tem gente competente mas é preciso que lhe dêem espaço de acção.
É melhor que haja Congresso mas ficou demonstrado que António Costa não tem perfil para Secretário Geral. António José Seguro, também não. Por isso, é melhor que apareça uma terceira pessoa e se discutam ideias. O PS não pode ficar refém de uma guerra fratricida entre duas pessoas.