A culpa é sempre dos políticos (será???)

Eu nunca fui cronista e jamais desejei sê-lo. Sem querer ofender este género mui nobre, a verdade é que faço da escrita a minha vida, enquanto jornalista…. Logo, como podia ficar calado perante tamanhas injustiças? Não posso! Não devo! E, por isso, não me abstenho. Mas comecemos pelo princípio e às crónicas irei dar início...

O incêndio de Pedrogão Grande não poderia de modo algum ter deixado ninguém indiferente. Nas notícias 24 horas por dia com “especialistas” de todo o género cujas especialidades eu desconheço, milhares de posts que invadiram a internet, entre blogs, Facebook, Twitter e Instagram, todos quiseram dar a sua opinião e prestar homenagem aos nossos incansáveis heróis. Só acho mal que se fale deles apenas no pico do verão quando eles arriscam a vida todos os dias. Porque se há alguém que merece louvores no meio desta história funestamente rocambolesca são precisamente os bombeiros, portugueses e espanhóis, inclusive aqueles galegos que ficaram retidos na fronteira e que só queriam ajudar, mas não os deixaram. São situações como essa que eu, simplesmente, não compreendo. Mas passemos à frente.

Eu só digo e continuo a defender que de fogos fala-se no inverno e não no verão. É de resto como tudo, evita-se o mal antes que aconteça. Já dizia o ditado, “um homem prevenido vale por dois” e o mesmo “vale” para um país. Até porque, se não prepararmos a época de incêndios em pleno inverno, o que nos resta no final? Um país diminuído pelas cinzas, reduzido a metade… Mas, confesso, que até percebo que as pessoas falem… Até porque no rescaldo da tragédia, 64 mortos e mais de 200 feridos, muitos com gravidade, não deixam nem poderiam deixar ninguém indiferente. Sobretudo, quando as vítimas foram mandadas para a “estrada da morte”! Sim, leu bem. Para a “estrada da morte”. E por quem? Por quem nos deveria, em primeiro lugar e acima de tudo, proteger. Não digo que a culpa seja da GNR, pois não foi. O incêndio tomou de assalto a floresta num compasso tão acelerado que deixou toda a gente desarmada e perplexa pela rapidez com que se espalhou. Faltaram mecanismos? Faltaram. A culpa é dos eucaliptos e da política implementada por sucessivos governantes que só souberam beneficiar a indústria resineira em detrimento da saúde florestal? Poderia ser. E então o comunicado da PJ amplamente difundido com toda a sapiência de quem nada sabe? Por favor, em menos de 24 horas depois dos incêndios terem tido inicio. Só esse facto tirou à tese da judiciária toda e qualquer credibilidade possível como, de resto, mais tarde se viria a confirmar. Ao menos que tivessem esperado uma semana. Aí talvez acreditasse. E o SIRESP? Aquele sorvedouro de dinheiros públicos?!? E o concerto solidário? Mais de um milhão para a União das Misericórdias Portuguesas, por favor…  Então e as vítimas e as famílias da vítimas? Enfim.

Se não se fizer nada agora, então quando se fará? NUNCA. E o sentimento de impunidade, esse, ficará para sempre guardado nas nossas memórias.

Mas por falar em culpa ou em culpados? Ouvi há bem pouco tempo dizer ao clarividente mor, àquele que em época de caça tem nome de presa, mas que está mais ultrapassado que a cassete, que a culpa é do Governo. Ouvi-o, ainda, bem mais recentemente que a culpa do roubo em Tancos também será do Governo se é que, de acordo com o próprio, ainda temos um qualquer Governo. Ou seja, tudo e qualquer coisa que aconteça neste país será sempre culpa do Governo. Tudo o que é de mal, pois se alguma coisa houver de bem, isso nunca será louvado pela oposição. Seja socialista, social-democrata, bloquista ou outra. Mas tentando ser o mais apartidário possível, deixem-me dizer que a culpa não é só do governo, deste ou de outro, a culpa também é nossa, nossa em grande parte, pois somos nós, o Povo, que em Portugal escolhemos os governantes democraticamente eleitos. Volto a sublinhar, nosso é o Poder Maior. Até nos podemos enganar na escolha, mas ao fim ao cabo e após quatro anos de mandato, se descontentes, cabe-nos a nós, o Povo, emendar esse erro. E só assim, nas urnas, votando, isto poderá ir para a frente! Tenho dito. Porque errar é humano e, claramente, todos se enganam, mas caso isso aconteça e “Antes que o mal cresça, corta-se-lhe a cabeça”.

 


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