Luis Ferreira

Luis Ferreira

A derrota da Rússia

O mundo está em convulsão. O caminho indicado não é o da paz, mas sim o da guerra, como se nada mais interessante houvesse ao cimo da Terra para entreter os homens desocupados.

Todos ansiamos pelos tempos de tranquilidade e sossego que se viviam há una anos atrás, mas cada vez mais nos afastamos deles. A tranquilidade que vivíamos na Europa acabou e hoje somos todos arrastados para uma guerra que não é nossa, mas que acaba por nos influenciar totalmente. E se a Ucrânia é parte integrante nessa guerra com a Rússia e nos afeta, neste momento não é o único foco de desestabilização e de guerra aberta neste mundo de loucos ou onde só os tontos parecem querer governar com a autorização dos que deviam ser mais inteligentes e menos permissivos.

O conflito no Médio Oriente alargou-se contrariamente ao que se pretendia. Os rebeldes Sunitas tomaram Damasco em poucos dias. O regime totalitário de Bashar Al-Assad caiu. Faltou-lhe o apoio da Rússia que, comprometida com o que se passa na Ucrânia, não tinha forças para continuar na Síria. Bashar Al-Assad fugiu ou simplesmente desapareceu. Há quem diga que o avião onde seguia caiu, mas certamente estarão no Irão ou na Rússia. Não se sabe. A Rússia tem a sua primeira derrota. Um dia amargo para Putin. Perde toda a influência que tinha no local e só lhe resta o Irão que, acaba por perder igualmente já que não conta com o Hezbollah que Israel desmantelou.

A Síria está nas mãos dos rebeldes sunitas. Moderados e dissidentes do Daesh parece quererem um país livre e independente. Querem boas relações com Israel. Sendo Israel inimigo do Irão e este inimigo dos rebeldes e amigo da Rússia, claro que interessa não se meterem com Israel depois de verem o que aconteceu ao Hezbollah. Mas que governo poderá surgir depois deste caos? O Primeiro Ministro sírio quer colaborar com os rebeldes numa transição pacífica. O povo terá de colaborar com os revoltosos até porque há muito que queriam derrubar o regime de Assad. Esperemos que estes supostos moderados, sejam mesmo moderados.

Os EUA não querem esta guerra nem se querem meter. Como disse Trump, “esta guerra não é nossa”. E não, embora pareça um contrassenso.

Mas há mais neste mundo em mudança. A Rússia começa a ter outros problemas fora do Médio Oriente e da Ucrânia. O seu aliado, a China, informou que uma ilha que repartia com a Rússia, é toda dela. Isto levantou uma celeuma enorme que levou os dois países a justificarem as suas posições. Mas a China não desmentiu a sua ação nem reverteu o que inscreveu no mapa de ocupação. Para Putin, isto terá sido um alerta e uma desconfiança face ao seu suposto aliado, mas como necessita da China para desenvolver a sua economia e depende dela, não foi além de uma declaração. Mas Taiwan está ali ao lado e numa situação semelhante. Por isso, este evento diplomático poderá funcionar como alerta ao mundo e aos EUA que Taiwan continuará a ser da China, mesmo que ninguém concorde com isso. E a ser assim, um conflito enorme pode surgir na região entre a China, os EUA, Taiwan e a Rússia. O epicentro de uma possível terceira guerra mundial, que ninguém deseja, pode acontecer, não no Médio Oriente, mas no Pacífico.

Entretanto e enquanto Zelensky espera o apoio de Trump para a Ucrânia, Putin continua a bombardear o território ucraniano e a apoiar o novo governo da Geórgia. Eleições fraudulentas que levaram ao poder um partido impensável, teve seguramente a influência de Putin, já que esse governo é pró-russo e não pró-União Europeia. O povo saiu à rua e as manifestações sucedem-se.

Pobre mundo este que enfrenta o pior que os homens têm. O belicismo terrível que atravessa este globo perdido no espaço, vai servir não só para o destruir como para acabar com todas as boas intenções que ainda existem para o salvar.

Também em França, o governo caiu. Perdido entre a extrema esquerda e a extrema direita, Macron não sabe muito bem o que fazer e quem vai indicar para formar governo. Que governo? Os socialistas não gostam dele e Le Pen já disse que apresentaria nova moção de censura se o governo não integrasse as suas linhas orientadoras de governação. Macron não vai indicar um primeiro ministro de esquerda, embora fosse a esquerda que tivesse ganho as eleições. Faltou-lhe a maioria. O centro direita pode ser uma solução, mas já não será novidade. Numa imensidade de partidos e divisões políticas em França, o que resta a Macron? Ele não se demite. O que espera os franceses? O caos político e novas eleições dentro de meses.

Mas se pensarmos bem, tudo isto está ligado. Ninguém está a salvo desta loucura coletiva mundial. E Portugal também não, já que apanhamos por tabela as alterações que se verificam nos quatro cantos. A Europa está em cima de um barril de pólvora.



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