João Gabriel Martins
A falência do país e o necessário resgate do futuro de Portugal.
Hoje estamos perante o dilema da Desertificação, não podemos deixar de referir que cumprir Abril é também fazer chegar emprego, educação, saúde e bem-estar a todos os Portugueses independentemente da sua localização geográfica isto é, os Portugueses de Bragança, Vila Real ou Portalegre devem ter as mesmas oportunidades dos Portugueses que vivem em Lisboa, Porto ou Braga.
De facto o nosso país está hoje confrontado com uma realidade assustadora, se por um lado existem custos de contexto para a economia nas grandes metrópoles por elevada concentração de pessoas num pequeno território, há noutros locais do país, nos quais os custos de contexto são exatamente pelo motivo contrário, isto é com elevados índices de desertificação.
Infelizmente o desenvolvimento regional tem sido, descurado. Temos que trabalhar para a eliminação das enormes desigualdades regionais.
A questão da falta de coesão territorial do país tem sido amplamente debatida ao longo das últimas décadas, de facto, a questão da interioridade serve de bandeira para todos os partidos em todas as campanhas eleitorais, embora sem grandes resultados práticos, a verdade é que a recorrência deste debate confere pelo menos, a certeza de que o problema existe e o diagnóstico está feito.
Num tempo tão difícil e tão importante, temos que encontrar novas abordagens aos velhos problemas, não podemos mais continuar a adiar uma oportunidade de desenvolvimento aos jovens, às famílias e às empresas do Interior.
É urgente repensar o futuro, pois é mesmo necessário voltar a acreditar que também aqui há esperança, que também no interior há mulheres e homens com qualidade e valor para trabalhar por um Portugal melhor.
Mas os atuais problemas do país não se verificam apenas ao nível do desenvolvimento regional, mesmo sendo um País com pessoas de muito mérito e valor, não temos tido a capacidade de aproveitar esse mesmo valor, chega de discursos baratos de apelo ao empreendedorismo, os jovens querem ser empreendedores por opção e não por obrigação.
É urgente parar e repensar uma estratégia que realmente reverta esta situação, não estamos em tempos de facilidades e comodismos, os desafios são grandes e as expetativas são elevadas, precisamos de jovens críticos e irreverentes, que não tenham receio de expressar a sua opinião, precisamos deles para devolver alguma honra e seriedade à política portuguesa.
O atual momento não é de facilidades, o nosso País está amorfo e carregado de nuvens cinzentas o emprego infelizmente não abunda e por isso as dificuldades serão cada vez mais, uma certeza. Portugal continua a ser um dos países onde a taxa de desemprego de longa duração é mais elevada, os jovens são os mais afetados com um em cada três no desemprego, o dobro do que se verifica na média da OCDE.
Com efeito é urgente clarificar as seguintes questões:
- Porquê que os Jovens têm a vida tão dificultada?
- Porquê que muitos dos nossos melhores alunos e dos nossos melhores profissionais se veem obrigados a sair para outros países?
A falência de um país, não se verifica apenas porque não tem dinheiro para honrar os compromissos financeiros com o exterior, a falência de um país verifica-se quando os jovens não têm lugar na sociedade.
É urgente uma política económica ambiciosa capaz de gerar riqueza, gerar emprego de qualidade e aproximar Portugal dos restantes estadosmembros da União Europeia.
É urgente que a riqueza não se concentre cada vez mais numa minoria e a pobreza alastre a um número cada vez maior de portugueses.
É urgente que os jovens em vez de desemprego e exclusão tenham direito ao trabalho, à promoção da sua competência profissional e a um salário compatível com as suas aptidões.
É urgente combater as gritantes desigualdades sociais com políticas concretas e com diálogo, não é com meros discursos de retórica.
É urgente devolver a confiança e a esperança aos Portugueses. E para isso, é urgente falar verdade em política, não podemos nem devemos fazer demagogia, pois dessa forma corremos o risco de afastar ainda mais, os jovens de uma ativa participação cívica.
Hoje em Portugal, não é fácil ser-se jovem.
A política é a arte mais nobre que há na vida, os políticos exercem aquilo que é mais nobre na vida e quem faz isto deve ser alguém nobre e que esteja à altura da situação e do desafio. Tem que ser líder e tem que se ter valores.
Hoje mais que nunca a ação dos jovens é necessária.
É preciso resgatar o futuro dos jovens porque é preciso, resgatar o futuro de Portugal.