Manuel Igreja

Manuel Igreja

A Festa do Vinho

Na semana passada, na cidade da Régua, aconteceu uma daquelas coisas que devem acontecer. De Quinta a Domingo, escrevo a vinte e três de Setembro de dois mil e catorze, decorreu a Festa do Vinho, um evento organizado pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal, em parceria com o Município Reguense.

O local foi o Cais Fluvial e as pessoas foram mais que muitas. A qualidade dos vinhos dados a provar e mais as deliciadas gastronómicas ao dispor para apreciar, foram de comer e chorar por mais, num modo de dizer. Isto, não esquecendo a música ao vivo e gravada que ecoou no ar, que também valha a verdade, foi variada e com arte garantida.

Valeu a pena por tudo. Mas antes de mais, valeu inequivocamente pela prestação e pela postura dos donos dos vinhos. Em toda a duração do certame, espalharam simpatia e mostraram a verdadeira boa maneira de se estar num mercado extremamente difícil e muito competitivo. O simples facto, aliás, de ali estarem em plena época de vindimas, é em si mesmo digno de registo e de aplauso. Às mil canseiras próprias da época, acrescentaram outras tantas para ali marcarem presença.

Tiveram e têm por certo, a noção de que nada basta meter o sol em garrafas sob a forma de precioso líquido, pois impõe-se também dá-lo a conhecer para que seja procurado que nem os raios do astro rei em dias sem o azul do céu. Diz a sabedoria popular que só se almeja o que se conhece. No entanto, a nova sabedoria das técnicas de promoção, também nos ensina que se deve mostrar o que se deseja vender, para que surja no destinatário a necessidade de se ter, de se experimentar e de se usufruir. Está nos livros. É só ir ver. Só não digo a página, porque não me apetece.

Seria injusto se não aludisse aos mestres da gastronomia e a mais os especialistas que dissertaram acerca dos vinhos em prova. Uns e outros foram do melhor e estiveram ao mais alto nível. Por eles e com eles, pôde sair-se dali mais rico e obviamente mais regalado. O paladar pode não falhar, mas tem de ser treinado e alertado para que se descubra o que está mas se não revela logo ali na primeira impressão, no primeiro toque dos sentidos. Foi a sua missão, e cumpriram-na muito bem.

Depois, temos o local da coisa em si próprio. Modéstia à parte e salvaguardando as distâncias, pode haver igual, mas melhor, duvido. Por um lado, porque o deslumbramento e o encanto da paisagem para os que ali mesmo assim se deram ao gosto de a notar e sentir ainda que em fogachos, são o que sabemos. Pelo outro, porque turista que andassem por estas bandas, logo topava com o acontecimento e à boa maneira a ele acorria, primeiro como curiosidade, depois como participante envolvida na coisa.

Por esta via e por mais a via da estratégia e do aproveitar da oferta disponibilizada ao sector do turismo e do vinho, a Régua em particular e o Douro em geral ficaram mais conhecidos precisamente por quem se recomenda ser notado, obviamente o público que sabe que apreciar vinho é muito mais do que escorropichar copos até à última gota, e que tem noção perfeita de que comer bem, é muito mais do que encher o estomago até mais não poder de fartura.

Tenho para mim pois então que estivemos todos bem. O público que deambulou pelo recinto, expositores no seu todo e por todas as razões, e entidades oficiais que deram mostras de saber identificar e concretizar o que neste contexto se aconselha, para que de uma vez por todas se ultrapasse o espírito de paróquia na organização deste tipo de eventos, numa região que com uma ou outra excepção, mais não tem feito do que certames de quermesses.

Para o ano há mais. Esperamos.


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