Luis Ferreira

Luis Ferreira

A fraqueza dos ministros

Quando se quer fazer crer que alguma coisa vai ser feita em prol de uma qualquer reivindicação, surgem as promessas e de igual modo se faz se queremos atingir um objetivo imediato ou mesmo retardar um determinado processo.

Antes do governo fechar as portas e ausentar-se para férias “administrativas” ou outros se ausentarem em férias legislativas, foram feitas algumas negociações ou pelo menos tentativas, com diversos sindicatos, deixando para depois do período de férias, uma agenda bem preenchida de promessas de resoluções, com uns e com outros. Todos foram gozar os seus merecidos dias de lazer na firma convicção de que na devida altura tudo se iria resolver ou no mínimo, elencar soluções possíveis para levar a um termo justo e digno, quer para o governo, quer para os que reivindicavam, essas soluções.

Agora, no tempo em que se esperavam algumas resoluções, eis que o país está, na sua plenitude, em manifestações de greve, arrastando para o caos a maior parte dos serviços nacionais dos diversos ministérios. O governo parece ainda estar de férias! Nada se diz e nada se faz. Os taxistas esperam que António Costa regresse do estrangeiro para conseguir chegar a algum entendimento, já que com o ministro do ambiente nada se consegue e eles também não estão interessados em conversar depois das últimas afirmações face ao problema que querem resolver. A lei não justifica tudo, pelos vistos.

Os enfermeiros entraram em greve nacional e entravaram completamente os serviços mais essenciais como as urgências e os Centros de Saúde que se vêm completamente entupidos. As cirurgias deixaram de se fazer por falta de profissionais suficientes do setor e os tratamentos mais prementes ficaram adiados por mais dois dias. Ao que chegámos!

O novo ano letivo iniciou-se este mês de setembro com alguns contratempos e com algumas esperanças no que se refere ao diálogo com o ministério da tutela. O senhor ministro não quis conversar e o governo continua a dizer que tem razão e que o orçamento, sempre o orçamento!!, não comporta os ajustamentos exigidos pelos professores.

Depois da greve nacional dos professores no final do ano letivo anterior, que criou alguns constrangimentos nas avaliações finais e nas entradas nas universidades, ficou prometido que o governo se sentaria à mesa das conversações para nova ronda de negociações. Promessas. Só promessas. Valeram somente para que durante as férias todos estivessem calados e esperassem calmamente pelo início do presente ano letivo. Mas no ar pairou sempre uma ameaça de greve se as negociações não fossem efetivas. E não foram. Até agora tudo continua na mesma e o governo mantem-se firme à margem de todas as promessas. Diálogo de surdos.

Assim, não admira que a convicção dos sindicatos de levar a cabo uma greve no início do ano letivo, se vá confirmar em outubro. Era uma promessa dos sindicatos. Pelo menos alguém cumpre as promessas. Mas se o objeto da greve é a contagem do tempo de serviço e a sua reposição perfeitamente legal e em tempos negociada e aprovada, já o mesmo não se verifica por parte do governo que continua a esgrimir o orçamento como uma espada de Dâmocles a cair não se sabe bem em que pescoço.

Para fazer esquecer toda esta problemática das carreiras dos professores e dos quase dez anos roubados, o governo inventou um processo para entreter os professores e levá-los a perder horas numa análise de uma ou duas leis sem sentido algum e que em nada contribuem para a melhoria do sucesso escolar. Estamos a construir escolas para alunos que supostamente, deveriam ser ótimos, mas que acabam por não ser, perante as alcavalas que lhes são impostas e o tempo que lhes é roubado ao seu currículo e aos professores que com isso têm de lidar. Não tem nexo esta alteração, principalmente quando este sistema, copiado, falhou completamente no norte da Europa. Nós copiamos sempre o que não presta. Como haveríamos nós de encaixar num sistema feito para um povo de mentalidade completamente diferente da nossa e cujos padrões de vida não se coadunam com os do sul da Europa? Impraticável. Aliás, já é a segunda vez que o tentamos e parece que não se aprende. Queremos uma escola inclusiva. Pois bem, a nossa escola sempre o foi, mas tem sabido fazer as adequações necessárias. Não se pode ser inclusivo quando se levantam barreiras para todos os alunos. Sempre tivemos e teremos alunos bons, menos bons, normais e com deficiências e não foram excluídos quer uns, quer outros. Seguiram sempre um rumo com objetivos certos e corretos.

Agora este ministro quer abrir uma auto-estradas onde todos circulem, independentemente de saber ou não o código da estrada. Claro que vai haver acidentes. Aqui reside a grande fraqueza deste ministro. As outras já são conhecidas.


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