Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

​A justiça de Freixo de Espada à Cinta

Pelo título, dá ideia que vou falar de uma lenda, do tipo da Justiça de Fafe, Justiça da Moca de Rio Maior ou a justiça do galo de Barcelos. Em comum com as duas primeiras é a política, já a segunda fala de justiça popular.

E é eleições que vamos abordar. Freixo de Espada à Cinta está a fazer história na retirada de confiança que deposita nos Presidentes de Câmara que se propõem ao terceiro mandato. Para os eleitores de Freixo de Espada à Cinta, não foi necessário a lei impor a limitação de mandatos (3 seguidos e no mesmo Concelho), estes acham e bem que dois é o ideal. Sem o apregoarem e sem organização formal, os eleitores vão às urnas e votam no candidato que defronta o candidato que se propõe ao terceiro mandato. Os candidatos ao terceiro mandato são teimosos e o povo do Concelho também e, como o voto é soberano, individual e secreto o povo derrota nas urnas os teimosos.

Poderíamos ser levados a pensar que o povo de Freixo de Espada à Cinta é mal-agradecido, que não reconhece o trabalho dos autarcas em exercício no segundo mandato mas, efectivamente não é assim e sim em abono da verdade houve bons Presidentes de Câmara no segundo mandato, até me atrevo a dizer que não houve maus. Mas a regra é para cumprir: dois Mandatos e vai para a tua profissão de origem, porque o teu contributo à causa pública está cumprido, é esta a mensagem que é passada.

Pessoalmente concordo em absoluto com o povo de Freixo de Espada à Cinta, quem quis fazer obra (material e imaterial) teve tempo suficiente, quem não fez no primeiro ou segundo mandato não é no terceiro que vai fazer e por fim reza a história que os casos mais gritantes de lesa património público, casos de justiça, de favorecimento de terceiros e promoção pessoal acompanhados de soberba agravam-se no terceiro mandato. Quem fez, obrigado mas, queremos dar oportunidade a outra dinâmica.

Já manifestei a minha opinião no sentido da obrigatoriedade de alterar a Lei Autárquica no que diz respeito a eleição, composição e competências dos Órgãos (Assembleia Municipal e Câmara Municipal), o reforço de competências e autonomia financeira na gestão corrente das Juntas de Freguesias e melhorar a articulação entre os três Órgãos. Também é necessário rever as retribuições, “alcavalas” e a composição dos gabinetes que chega a ser escandaloso a quantidade de pessoas que grassam nos gabinetes que e só têm por missão servir o Presidente de Câmara.

Então, enquanto a Lei Autárquica não é alterada, resta-nos a Justiça de Freixo de Espada à Cinta e votar contra o candidato (não partido político) que se proponha ao terceiro mandato.

Como diz o proverbio: QUEM MUDA DEUS AJUDA.

Bragança, 25/06/20

Baptista Jerónimo


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