Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

A “política” à margem da política

A Política, numa análise objectiva, são as escolhas (decisões) da governação. A governação, assenta (ou deveria assentar) na(s) ideologia(s) do(s) partido(s) que suportam o governo. O governo é formado por individualidades da confiança do Primeiro-Ministro, supostamente competentes, identificadas com a ideologia do(s) partido(s) que suportam o governo.

A oposição, são todos os partidos com acento (e os que não têm) na Assembleia da República (AR) e que não estão comprometidos com o governo. Na actual formação da AR temos o PSD, Chega, BE, PCP, PAN e Livre além do PS. Todos têm direito a intervir, todos querem, para lá de segurar o eleitorado, conquistar votos à maioria. Esta conquista pode ser feita através de uma participação pró-activa que, no entender dos partidos não “colhe”, porque o povo, os que votam, são estúpidos e não valorizam a positividade da participação co-responsável. Esta postura responsável, deveria ser a de todos os partidos, por o interesse nacional acima do partidário, infelizmente (salvo no tempo de Rui Rio) não me recordo de nenhum partido ter esta postura de alternância pela colaboração, de acrescentar valor à governação.

A outra forma, esta adoptada por todos os partidos (excepção tímida para o PCP), é a de fazer “fumo” sempre e quando a governação, em sí mesmo, não tem alternativas, quando se reconhece mérito à governação, quando a oposição se dá por vencida. Então, vem a forma baixa, rasteira, negativa de fazer politica – inventar ou, agarrar com unhas e dentes lateralidades à governação. Os Mídea agradecem e o povo diverte-se com estes programas de entretinimento.

Todos clamam que é necessário e urgente fazer reformas estruturais. Qual foi o contributo dos partidos da oposição para as reformas estruturais já implementadas e a implementar? Estas reformas, vão desde a Saúde (fica a faltar a exclusividade dos profissionais, única forma de proteger e garantir melhores condições ao SNS e aos seus profissionais), Habitação, Educação, Ensino Superior, Segurança Social, Descentralização (câmaras com mais competências), CCDR´s agora Institutos Públicos com mais valências (esta com um reparo - descentralizar de Lisboa para o Porto, não é mais do que encapotar), Trabalho Digno, Estatuto de várias Ordens Profissionais, Qualificação e Inovação, Energia, Água, entre outras. Conseguindo, ainda um desempenho económico excelente depois da tróica, da pandemia e da guerra na Europa. Mas, a oposição, continua a reagir com “fumo”, diz que se deve aos particulares, pelo forte crescimento nas exportações: será? Então no Turismo o governo não apostou na dinamização do sector em vários mercados? Não atribuiu fundos às empresas do sector para a sua modernização e melhorar a capacidade de resposta? Não formou a mão-de-obra com cursos bem direccionados? Os emigrantes não estão a dar um forte contributo? Não foi este governo que incentivou o investimento estrangeiro? a qualidade e quantidade do Ensino Superior não é uma das razões para este incremento?

Sim, concordamos que a comunicação do governo não está bem articulada e até podemos questionar se existe. Mas, com tanto “fumo” sem fogo ou, o governo consume energias nas respostas aos casos laterais e de novela ou se centraliza na governação.

Vem aí as férias, do governo esperamos que a maioria continue dialogante, mas vinculada ao programa eleitoral sufragado e da oposição responsabilidade institucional.

Baptista Jerónimo, 29/05/23



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