Manuel Igreja
A Terra é plana e não gira
Vivemos tempos verdadeiramente dignos de espanto. Diariamente daqui e dali surgem notícias a dar nota de atitudes tresloucadas assim como se a vida no mundo estivesse a decorrer num palco com cenas representadas por loucos, a tal coisa que todos somos um pouco.
Convenhamos muito cá para nós que por vezes até dá para rir pelo menos para não chorarmos devido ao temor acerca do rumo seguido. Dizia um sábio que no viver não interessa o destino, mas sim o caminho que se percorre, mas mais se afigura que seguimos por vielas esconsas e mal frequentadas.
Vem isto a propósito meu caro senhor e minha cara senhora, de uma nova moda de que alguém se lembrou. Um grupo acho que lá pelas Américas, depois de muito cismar e de muito analisar, queimando mais pestanas do que miolos por mingua destes, concluiu que a terra, o planeta, é plana.
Qual redonda qual carapuça. É plana. Claro que é, digo eu, pobre ignorante, mas assaz atento. Então não se vê logo que é. Basta olhar em frente. Ou ir de carro por aí afora. Só não vê quem não quer que não faltam retas e curvas. Pode ser que é, sempre a subir ou a descer, mas redonda, não estou a ver como. A sério.
Lembraram-se de dizer que é redonda e prontos. Todos acreditaram com a mania que são cientistas. Também se lembraram de dizer que ela se move, mas eu cá por mim não a sinto a mexer ou a andar à roda. Quer dizer e para ser sincero, de oras em quando vejo, mas isso são outras voltas e é outra loiça.
Enganam-nos e bem enganados. Também dizem que o homem foi à lua. Eu não vou nisso. Não acredito. Basta-me olhar lá para cima, para ela, e logo vejo que uma pessoa não cabe nela. Quando muito caberá um cão assim daqueles peluches. Depois, estando ela mais perto do sol, deve ser lá um calor que ninguém aguenta. Quando muito podiam ir de noite. Mas depois, como viam o caminho sem luz? Que muita gente anda na lua, lá isso anda, mas ir lá? Hum!
Também dizem alguns dos tais que o homem e a mulher sempre foram assim guapos como somos hoje eu e mais vossorias que isto leem. No entanto os doutores que se entretém a escavar dizem que não pois as ossadas dos muito antigos mostram que vimos dos chimpanzés e que nos fomos aperfeiçoando até ao ponto em que estamos. Lindos e bem feitos. Alguns e algumas, bá.
Nisto eu estou que nem sei. Mesmo que me incline para esta última hipótese, custa-me a ter-me como neto em nem sei quantos graus de um casal de gorilas que se entretinham a acasalar entre os saltos de árvore em árvore comendo cachos de bananas. Mas se calhar somos.
Com isto me vou com vossa licença que a nossa vida não é isto. Mas não sem que antes e, entretanto, recomende a quem inventa teorias sem nexo que quando não tenham nada para fazer, vão pentear macacos.
Mais não seja, mostram algum préstimo e não andam com o relógio desacertado querendo fazer-nos andar às arrecuas. O problema é que em algumas coisas estão a conseguir.