Alexandre Parafita

Alexandre Parafita

A tradição dos folares e o jejum da Quaresma

As tradições dos ovos e coelhos da Páscoa, bem enquadradas no espírito consumista dos nossos dias, nada têm a ver com as raízes nacionais. São importadas de outras culturas, com reminiscências pagãs, associadas ao culto da fertilidade, sem origens definidas, que tanto podem vir da Europa Oriental como da China.

Em Portugal, sobretudo em Trás-os-Montes, a tradição gastronómica incide sobre a confecção dos folares. São particularmente famosos os de Vinhais, de Valpaços e de Chaves. Após o prolongado jejum da Quaresma, os folares aparecem recheados das melhores carnes que, ao longo de semanas, estiveram arredadas das mesas transmontanas.

Note-se, contudo, que a relação do “folar” com a tradição pascal vai mais além do que esta especialidade gastronómica. O folar é também a prenda, geralmente em dinheiro, que os padrinhos dão aos afilhados, após receberem destes o ramo benzido no “Domingo de Ramos”. Mas é também a colheita remuneratória dos párocos, feita nesta altura do ano e traduzida numa expressão ainda hoje conhecida: “tirar o folar”.


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