Luis Ferreira

Luis Ferreira

Anda tudo louco

Vivemos num corre-corre tremendo que a todos perturba e tira do sério. Sabemos isso e podemos constatá-lo pelas notícias que nos chegam todos os dias e a cada minuto.

Desde que o Coronavirus tomou conta do mundo e das consciências das pessoas e dos países, tudo mudou. Alterou-se o comportamento e a responsabilidade de todos e de cada um de nós. E como não somos iguais, não agimos obviamente da mesma forma face a esta pandemia. Tanto faz avisar sobre a perigosidade do vírus, como não. Para determinadas pessoas, de nada vale o aviso e a prevenção. Para eles, o vírus é mais uma gripe que passará como as outras.

Li-Meng Yan, cientista de Hong Kong, era uma das virologistas encarregadas de estudar o coronavírus em 2019. Quando as descobertas sobre o que se passava e sobre o perigo que poderia representar este novo vírus, fez questão que isso se informasse à comunidade mundial, sabendo os riscos que corria. Cedo percebeu que a China não lhe permitia que tal se fizesse. Antes que fosse demasiado tarde, de Hong Kong fugiu para os Estados Unidos para poder revelar o que sabia sobre o novo vírus. De lá acusou diretamente a China e a OMS de saberem, muito antes dos acontecimentos de Wuhan, quanto era perigoso este vírus e os resultados que poderiam advir da sua propagação. Mas o mal já estava feito. Wuhan era o epicentro e continuaria a ser. Ninguém o conseguiu travar a tempo. Em Janeiro, a OMS admitia pela primeira vez que o novo vírus poderia ser muito perigoso para as pessoas, mas não era de fácil transmissão. Puro engano. A partir daqui, juntaram-se a irreverência das pessoas, dos políticos, dos governos, os interesses políticos e económicos que giram à volta de todas estas coisas.

Finalmente, quando a economia dos países começou a soçobrar, abriram-se as portas ao vírus e ao dinheiro. Já tudo andava louco, sem rumo e sem emprego. Tudo tinha parado.

Esta loucura enorme que se apoderou das grandes multinacionais e dos governos mais poderosos, levou ao desfecho que agora vivemos. As culpas, ninguém as quer. Claro. O que constatamos é que nada está ainda resolvido. O perigo continua e o vírus segue na sua senda secreta de matar que apanha pela frente. Mas isto não incomoda muita gente, como disse.

Bolsonaro, presidente do Brasil, que dizia que o vírus era mais uma gripe, mesmo sabendo que morriam centenas por dia no país, finalmente foi apanhado por ele e teve de se confinar, mas o seu discurso pouco mudou. Até parece que fez gáudio do acontecido, aparecendo na televisão publicitando o seu estado de saúde. Néscio! Igual procedimento tem Trump, mas apareceu de máscara quando foi visitar militares contaminados. Pudera! Ir ter com o vírus, não é a mesma coisa que estar longe dele, mesmo desconhecendo o seu paradeiro.

Mas a loucura não é apanágio das sociedades estrangeiras. Por cá, os loucos são muitos. Como é que se pode pedir responsabilidade a um louco? Não pode. Soubemos o que aconteceu em festas clandestinas de jovens e no seu contributo para que o Covid-19 continuasse o seu caminho maléfico, aumentando o obituário português. Foram alertados para que não houvesse mais festas e ajuntamentos com mais de vinte pessoas. Não cumpriram. As festas ilegais continuaram e continuam ainda, como se quisessem afrontar diretamente as autoridades. A juventude está louca! Apesar de tantas recomendações, no Algarve acontece uma festa ilegal, organizada por jovens de Lisboa. A loucura continua. Para eles o perigo não existe e o amanhã é coisa certa. Será? Para alguns, sim, mas para outros já não existe. É gente para quem a morte é uma abstracção.

Infelizmente, as loucuras não se ficam por aqui. Na praia do Estoril, dois jovens adolescentes são esfaqueados numa rixa sem sentido, onde quase ninguém conseguiu perceber o que estava a acontecer. O estranho é que a praia estava cheia, contra as recomendações do governo e da DGS.

Já se fala de uma segunda vaga, mas há quem defenda que ainda não se chegou ao pico desta primeira. Realmente, quem entende estes cientistas, estes políticos e estes sabedores de meia-tigela? Anda mesmo tudo louco!


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