António Cangueiro apresentou: Memórias Primeiras ...A Viagem...
António Cangueiro apresentou mais uma obra literária, Memórias Primeiras ...A Viagem..., na Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa, dia 10-11-2022.
O Presidente da CTMAD, Dr. Hirondino Isaías, abriu a sessão, enaltecendo o trabalho voluntário que o autor tem feito em prol da língua e cultura mirandesa, tendo ministrado vários cursos de mirandês nesta Casa. Seguiu-se a apresentação da biografia do autor a cargo da Vogal da Direção da CTMAD, para a Área da Cultura, Drª Elsa Moreira. A Drª Celina Maria Busto Fernandes falou sobre a obra, nomeadamente a viagem que a conduziu à infância, também ela transmontana, natural da freguesia de Ervedosa, concelho de Vinhais. Foram lidos textos e poemas, sublimemente acompanhados ao som dos acordes do Zé Augusto Coelho, que no final brindou o público com três canções. Por último, como qualquer transmontano que se preze, ofereceu um lanche e Porto de Honra.
António dos Anjos Cangueiro nasceu em Bemposta, Mogadouro, há 65 anos, terra onde muito joldou (brincou) com seus companheiros de rua. Todo o tempo livre era bem aproveitado na brincadeira. Fez a instrução primária (1º ciclo) e de imediato saltou para a banca de sapateiro para aprender o ofício com seu pai. Aos 19 anos foi para Sendim trabalhar e estudar e aqui conheceu Amadeu Ferreira, que havia fundado uma escola noturna para quem não tinha possibilidade de estudar durante o dia. Dois anos mais tarde ingressou na Marinha de Guerra Portuguesa, onde cumpriu serviço em várias unidades, tanto em terra como no mar.
Licenciou-se em Controlo Financeiro pelo ISCAL; tornou-se Técnico Oficial de Contas; e tem o curso oficial de Formador.
As professoras primárias marcaram-no, tal como os companheiros de jolda, os vizinhos, os tios, o irmão e a irmã que partiu aos 2 anos. Muito nos fala de seus pais e da forma como o tratavam devido à frágil saúde "Ao menino não se pode tocar, nem com um dedo molhado." e todas as vivências que vai relatando ao longo da obra, não podendo faltar a burrica de seus pais, os barragistas e o ambiente novo devido à construção da barragem. A cada um que partiu, e vai nomeando ao longo do livro, respeitosa saudação é-lhe feita. Se vos fosse contar algumas histórias do livro, que me puseram a rir, perderia o interesse. A leitura é fluida e apelativa, com a vantagem de ser bilingue - português e mirandês. Para os que não conhecem o mirandês, quem sabe não se entusiasmem bebendo pequenos textos, como quem sacia a sede nas fontes por onde passa!
O caráter bondoso que transparece no António, nunca negando as suas raízes humildes e até tendo brio delas, fazem-me admirá-lo.
Que esta nova obra seja um sucesso. Tem todos os ingredientes para isso.
