Batista Jerónimo
António Costa o Político e o Homem
António Costa tem uma carreira política como poucos, (considerando político profissão), com 14 anos inscreve-se na Juventude Socialista, passa pela Assembleia Municipal de Lisboa, Vereador na Câmara de Loures, Deputado na Assembleia da República em várias legislaturas, Parlamento Europeu, Governo de António Guterres e José Sócrates, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e Primeiro-ministro do seu governo, tudo isto com apenas 54 anos. Profissionalmente aos 27 anos é advogado. Enquanto político, poucos ombreiam com ele, o que se pode considerar um “carreirista”.
Olhando de fora para esta personalidade, é reconhecido no político, uma das, se não a principal, característica de um político – Negociador. Veja-se a adaptação aos vários Secretários Gerais do PS que o antecederam, as pontes que teve de facilitar na Câmara Municipal de Lisboa, como chega a líder do Partido Socialista, na transformação de uma derrota em vitória e consegue entendimentos em simultâneo com o Bloco de Esquerda, Partido Comunista e os Verdes, formar governo e governar, admitamos que não é coisa pouca, mesmo para um bom negociador.
Enquanto socialista interpreta e respeita os estatutos, pondo em prática políticas de esquerda aqui, mais fácil (ou obrigatório), dada a coligação e entendimentos com partidos de esquerda.
A sua vida desde os 14 anos até aos actuais 58 anos foi sempre na cumplicidade e lutas pelo poder. O tempo esgota-se nestas actividades, vindo depois a reflectir-se em percas na vida social e os amigos também tendem a reduzir, é a consequência lógica e inevitável. Passou a viver na política em exclusivo, ficando sem se perceber se é condicionado pelos outros actores políticos ou se é ele que se impõe, a ser assim, é da sua total responsabilidade a formação e as políticas do actual governo. O que fica, efeito desta vivência, é a sua reduzida capacidade de recrutamento e ter de (ou por imposição) repetir ministros que, só a sua aparição pública, causa adversidade e aparece a expressão – São sempre os mesmos. Como exemplo, sem por em causa a sua competência (não sabendo os critérios porque foram ou são avaliados, se necessário fosse, o que não é, pois estas nomeações são feitas por confiança política e pessoal do Primeiro-ministro), lembro-me de Augusto Santos Silva, Eduardo Cabrita, Vieira da Silva, Capoulas dos Santos e Ana Paula Vitorino. Alguns destes, não deixaram saudades na passagem por anteriores governos. Se olhar-mos para os deputados o caso deixa de ser de meia dúzia e passa a umas dezenas, a começar no Presidente da Assembleia da República ao Presidente do Grupo Parlamentar do PS. A renovação impõe-se (não pela idade), mas pela iniciação no parlamento, pela diversidade, complementaridade, pelo conhecimento e experiência de vida que podem aportar, é imperioso para ganhar as próximas legislativas. O primeiro sinal a dar é na escolha dos cabeças de lista por círculo eleitoral. Estes devem ter um passado reconhecido na praça pública, uma história de vida impoluta, com dedicação à causa pública, reconhecido valor na sua área de actuação profissional. Seja qual for o género e a não obrigatoriedade de ser filiado no PS.
O que custa a perceber, sendo António Costa actualmente um dos, se não o maior, entendidos em “engenharia politica”, é a forma imatura como tratou os casos dos bancos (Banif, CGD e NB) dos incêndios, Tancos e agora as nomeações das famílias, esta fuga para a frente e não perceber que o tempo, só por si, não é suficiente para fazer cair os casos no (conjunto ou individualmente) esquecimento. Com esta inabilidade, põe em causa, os vários momentos de boa governação, como o aumento do salário mínimo, o aumento da confiança dos Portugueses, a confiança dos credores, o equilíbrio das contas públicas, a diminuição da taxa de desemprego, alguma descentralização, reposição dos feriados, aumento das pensões, Passes Sociais muito bons para a grande Lisboa e Porto e espera-se que venham a ser bons para o resto do País, entre outros. No balanço da boa governação com os casos mal resolvidos, por inércia nos últimos, vai-se reflectir negativamente nas eleições legislativas.
António Costa o político enredado nas negociações, está a sobrepor-se ao António Costa o Homem, ninguém tenha dúvidas ou o anterior aparece ou o primeiro não vai liderar o próximo governo.
Baptista Jerónimo