“As nossas Aldeias um desígnio nacional”

Quando se olha para a nossa história e para o nosso território, há uma realidade com a qual somos confrontados as aldeias. As aldeias são os núcleos populacionais mais pequenos, isto é, são aglomerados populacionais de categoria inferior à vila, podendo dispor de autonomia administrativa e de economia de subsistência (não exporta o excedente da economia, consumindo tudo), sendo geralmente satélite de uma vila de maior dimensões.

A verdade é que com o desenvolvimento e o progresso, a maior parte das aldeias sofreu um despovoamento permanecendo nesses lugares, aqueles que decidiram ficar sendo normalmente uma população mais envelhecida.

Quando se visita uma aldeia, é impossível não ser invadido por um sentimento de nostalgia, de uma forma de estar e viver, que não é muito distante, porque muitos de nós tem certamente alguma relação familiar a uma aldeia.
É bom ouvir a memória de quem hoje vive nas aldeias, falar das trindades, do padre que era boa pessoa embora emprestasse dinheiro a juros aos mais pobres, da autoridade da família da casa grande, do padroeiro ou padroeira, das procissões, da ajuda de uns e outros nos trabalhos agrícolas nas suas propriedades, nas parteiras que ajudavam nascer as crianças e, todos estes testemunhos , dos que eu tenho ouvido acabam da mesma maneira : Eramos muitos mais, alguns muito pobrezinhos, mas havia muita alegria!
No silêncio a seguir à conversa, nos olhos dos nossos aldeões, é possível ler uma preocupação relativamente ao futuro, ao futuro da sua Aldeia! Deixará de existir? Passará ou não a ser um lugar de casas antigas mas sem ninguém que nos fale das suas memórias? E as casas persistirão com o passar dos tempos como os granitos imutáveis nas paisagens?

São pequenos Portugais que fazem parte da nossa história e a nossa história tem 9 Séculos!

Da mesma forma que é possível, resumir a construção de Portugal assente em n grandes desígnios nacionais: que passo a exemplificar:

1) Formação de um Reino : 1128 a 1179 ;
2) Povoamento e definição das nossas fronteiras (1179-  Tratado de Alcanices em 1297);
3) Consciência da nossa fronteira marítima e a consequente, preparação técnica e científica para a dominar. Não esquecer que o Rei Dom Diniz, em 1312 fundou a marinha Portuguesa, nomeando 1º Almirante de Portugal, o genovês Manuel Pessanha, e ordenando a construção de várias docas;
4) Expansão e Descobrimentos Portugueses (1415- 1543);
5) Consolidação  da restauração da nossa independência e dos nossos interesses ultramarinos (1-12-1640-  13-02-1668-Tratado de Lisboa);
6) Exploração e reorganização do nosso império colonial, em especial o Brasil ( 1700-1822);
7) Passagem de uma Monarquia Absoluta para uma Monarquia Constitucional (1828-1834);
8) A partilha de África (1880- 1914); 
9) Implantação da Democracia ( 25-4-1974 – 25-11-1975), podemos também olhar actualmente para estas Aldeias como mais um desígnio, essencial para as projectar no futuro e ter as respostas adequadas para o silencio do final das conversas!

Não há dúvida que têm havido várias iniciativas para contrariar este fenómeno próprio do tempo que vivemos!

Relembro a iniciativa que em 2017,o concurso que seleccionou 332 Aldeias Portuguesas para serem candidatas a pertencerem às “ 7 Maravilhas de Portugal”, sendo seleccionadas 28 do Distrito de Bragança em diferentes categorias: 1)Monumentos: Algoso ( Vimioso), Carviçais ( Torre de Moncorvo), Outeiro ( Bragança); 2) Ribeirinhas : Foz Tua ( Carrazeda de Ansiães); 3)Rurais: Abreiro ( Mirandela); Caçarelhos (Vimioso); Freixiel ( Vila Flor); Parada ( Alfandega da Fé), Romeu ( Mirandela); Santulhão ( Vimioso); Vale Pradinhos ( Macedo de Cavaleiros); Vila Verdinho ( Mirandela); Vilarinho da Castanheira ( Carrazeda de Ansiães) Vilas Boas(Vila flor);3) Autênticas : Podence (Macedo de Cavaleiros) ;Montesinho (Bragança) ;Rio de Onor ( Bragança) ;Paradela (Miranda do Douro) ; Uva (Vimioso) ; Vilar Seco ( Vimioso); 4) Áreas protegidas :Santa Combinha ( Macedo de Cavaleiros);Moimenta (Vinhais);Montesinho (Bragança);Pombal de Ansiães (Carrazeda de Ansiães);Rio de Onor (Bragança), ficando classificada a Aldeia de Rio de Onor .

A nível de intervenção Politica, estas aldeias e as suas populações, deveriam estar incluídas nas prioridades da sua acção, para além dos esforços já existentes, deveriam ser reforçados com as seguintes medidas:

  1. A criação de uma rede das Aldeias Históricas do Distrito de Bragança;
  2. Apoiar e incentivar a divulgação das Aldeias, nas rotas de Turismo nacionais e internacionais;
  3. As Autarquias, com a ajuda do Governo, criar programas de apoio à reabilitação dos imóveis dos particulares ou mesmo de aquisição a particulares, para as disponibilizar para o arrendamento a preços competitivos especialmente para os Jovens que se queiram viver nessas aldeias;
  4. Apoiar as iniciativas empresariais na área do turismo;
  5. Apoiar e estimular as iniciativas empresariais que levem às Aldeias, os seus produtos, de forma a menorizar o impacto do isolamento, resultante dos problemas de mobilidade.
  6. Apoiar a reorganização de espaços agrícolas que estejam abandonados, ou que estejam à venda no mercado, para os disponibilizar a quem queira desenvolver um projecto agrícola.
  7. Apoiar a existência em cada Aldeia, ou numa Aldeia do conjunto de 4 aldeias que sejam próximas, de um Centro Social de apoio à 3ª Idade;
  8. Garantir em todas as Aldeias as condições de acesso à internet e às novas tecnologias.
  9. Desenvolver e reforçar o apoio às populações, nas próprias Aldeias, dos cuidados de saúde primários e de prevenção, em Articulação com os Hospitais e os Centros de Saúde.

Reforçando o apoio às Aldeias, entre outras com as medidas que realço, poderá ser uma boa ajuda para as revitalizar, dinamizar e garantir o seu futuro.
Aos mais velhos e aos mais novos que ainda vivem nas nossas aldeias, tenham a certeza que para o CDS-PP, serão sempre uma prioridade.

Nuno Moreira

Candidato pelo CDS-PP ao Distrito de Bragança


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