Barroso da Fonte

Barroso da Fonte

As verdades, as mentiras e os silêncios contra o erário público

Na última edição do Notícias de Mirandela, o coronel miliciano, Jorge Lage, assinou um artigo que merecia ser manchete no Expresso que tenta ser o mais audível órgão impresso em Portugal.

A sua palavra escrita, falada, simulada ou ouvida, cruza-se com as mensagens, que circulam, com os ambientes que se respiram, com as congeminações que se sonham. Este mirandelense que serviu na guerra, que se formou em história, se especializou na castanha e, sobretudo, se preocupa com a sociedade a que pertence, valeu-se do jornalismo para moralizar as mentalidades que atravessam as regiões e assustam crianças e adultos. Demonstram este pessimismo mundial os media, que galgam fronteiras, que atravessam oceanos e se instalam, em sítios alheios, normalmente para destruir, aquilo que é a gula congénita que os traz ao mundo. Nessa página de jornal escalpeliza este drama que assusta o mundo que nos rodeia. Veja-se:

«Portugal está a morrer? – Quando em julho de 2023, no bairro de Santo António, cidade de Torres Novas foi decapitada a estátua de Santo António, inaugurada um mês antes, deixando a frase «Deus está morto», apercebi-me que não era só a imagem do santo mais popular que queriam destruir. Era o movimento mundial das «Jornadas Mundiais da Juventude» e o próprio cristianismo. O vergonhoso silêncio da maioria dos media (televisões, rádios e jornais - «mídia» é um termo incorreto de arrogantes – rima com ignorantes – vera-cruzenses) deu-me o sinal de que a comunicação social, em Portugal, está moribunda. Passado um ano, o mesmo movimento antidemocrático mostrou as suas garras cobardes em Creixomil, área urbana de Guimarães. Ali foi destruído um cruzeiro, monumento nacional, «Padrão de D. João I», erigido como agradecimento do nosso rei pela vitória na Batalha de Aljubarrota.

A cruz destruída, para além de ser um símbolo sagrado do cristianismo era uma obra de arte nacional e marca da nacionalidade. Representava um dos três grandes momentos da afirmação de Portugal como país independente. A Junta de Freguesia foi cautelosa a dar nota pública da ocorrência. Destrói-se dentro de um padrão a belíssima cruz e põe-se a hipótese de acidente? Durante séculos a Cruz esteve intacta O que me parece é que Portugal está moribundo. As áreas políticas mais à esquerda já nos proibiram de dizermos o que pensamos e o que vemos. Já há polícias do pensamento. Voltando ao crime cobarde e hediondo sobre uma cruz milenar, essa gente não quer só destruir os símbolos cristãos, quer destruir a própria civilização ocidental, berço da democracia. Aliás, a democracia não é apanágio da direita ou da esquerda, é um exercício de boa cidadania e que se pratica no dia a dia e se exprime pelo «voto secreto e livre nas urnas». Quando um intolerante de esquerda rotula um de direita de antidemocrata está-nos a dizer que não tolera a democracia, que a democracia se esgota nas suas ideias antidemocráticas. A civilização ocidental está agónica e segue o caminho das grandes civilizações da humanidade que desapareceram, porque lhe estão a roer a liberdade e a destruir o pilar base a família».

Usei e abusei da transcrição desta tela jornalística de Jorge Lage. Uma das vozes mais sensatas, mais oportunas e mais moralizadoras do jornalismo português, me encorajam porque, todos somos poucos para falar dos nossos valores éticos e tradicionais.

 Quisera eu manter o zelo, a lucidez, a constância ideológica e a genica que penso ter tido e que, a passos largos, me vão apagando. Sei que ele, e meia dúzia de jornalistas, sobretudo, transmontanos, como eu, me vêm encorajando para não parar.

O exemplo que Jorge Lage descreve sobre a destruição do histórico Monumento, da Rua de D. João, que dista do Padrão do Salado, no Largo da Oliveira, em Guimarães, é um crime tremendo. Esses dois Padrões simbolizam a vinda do nosso Rei, D. João I, mais D. Nuno Álvares Pereira, à então vila de Guimarães, em agradecimento à Senhora da Oliveira, pela vitória, em Aljubarrota, contra os Espanhóis. Cerca de mil metros de distâncias separam esses dois símbolos, em granito. Dizem os livros que, ambos foram, de joelhos até ao antigo mosteiro que Momadona Dias, fundou em Guimarães. As Batalhas do Salado e de Aljubarrota, foram eternizadas nesses Monumentos.

O Castelo da Fundação e os dois padrões, mais a muralha do centro histórico, onde se lê que aqui nasceu Portugal, mereciam que, nos 15 meses decorridos, o ministério público já tivesse tranquilizado a opinião pública sobre essa destruição nacional.

Barroso da Fonte




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