Batista Jerónimo
Assim vai a vida partidária!
Os Partidos com assento na Assembleia da República (AR) tentam disfarçar posições incongruentes no foco e aceitação dos factos políticos que constam da agenda política: aprovação do Orçamento de Estado (OE), Governo Regional dos Açores e Presidenciais. Estratégias confusas, posições contraditórias, declarações impreparadas, histórico olvidado e a pandemia a alastrar, é nestas águas turvas que navegam actualmente.
O PS e Governo estão numa tensão única, pandemia a fazer estragos na saúde, na economia e na área social, deixando a acção política inesperadamente e incompreensivelmente sem controlo e iniciativa noutras frentes. O OE é uma prioridade, mas não uma preocupação com mais ajudas ou mais apoio social, necessários e importantes, vai passar. As Presidenciais deveriam ser um não caso e à data é o caso político mais incómodo. Preparar a presidência da UE é uma carga de trabalho, já as eleições nos Açores é uma perda esperada, logo não deveria ser tão empolgada e desgastante: o poder é efémero. A comunicação ao fim de cinco anos de governo tinha a obrigação de ser mais precisa, não no que respeitante à pandemia, dada a constante adaptação à actualização da imprevisível informação. É imperioso diminuir o número de ministérios ou a governação fica um caos, até porque alguns ministérios ainda não justificaram a causa da sua criação.
O PSD, adoptou uma estratégia de curto prazo, no imediato e não percebeu que o Partido Chega não pode ser tratado como o CDS-PP. Enquanto o último disputa o mesmo eleitorado e sempre que se aliaram, o PSD ficou a ganhar nas eleições seguintes, porque o eleitorado concluiu que a matriz ideológica não era diferenciadora. Com o Chega é diferente, o seu eleitorado (actual) está insatisfeito, não se revê no sistema constitucional, no comportamento dos políticos, faz da corrupção uma bandeira e a democracia no actual momento é vista muito perto de uma anarquia orgânica, querem um governo musculado e leis a roçar princípios à margem dos direitos adquiridos nas últimas décadas de democracia. Ao chama-lo para responsabilidades legislativas, (agora nos Açores, mas o caminho fica aberto para a Metrópole) dá-lhe o reconhecimento de um partido do sistema (a legalidade não está posta em causa), capaz de assumir e respeitar compromissos e até partido de poder. E, é aqui que a estratégia do PSD vai falhar, porque o Chega vai continuar a pescar nas suas franjas algum eleitorado, acomodar o moribundo CDS, canibalizar tudo quanto gravita à sua direita, alguma extrema-esquerda e usar a outorgada credibilidade para segurar o eleitorado actual e alastrar. Internamente o PSD (como no PS), sempre que não é poder, e os varões que não são, vale tudo para controlar o partido. Já cheira a poder? Ou, é pelas autárquicas?
O Iniciativa Liberal (IL) que tem o seu caminho e estratégia bem identificada, prevejo que dentro de poucos anos se acerque do pódio. Os seus jovens políticos detêm competências, conhecimento e valores em várias áreas de actividade com créditos firmados.
O Bloco de Esquerda (BE) é talvez o partido que melhor comunica, mais coerente e cada momento político é único, é uma oportunidade, e é para ganhar, razão de ter chegado à terceira força política, tendo nascido do somatório de várias ideologias. E, se agora está a mostrar-se difícil, os próximos OE serão aprovados com o seu voto, porque de todos, é o que não lhe interessa antecipar as eleições legislativas. Vai continuar, onde melhor se move: contestação e reivindicação.
PCP-PEV e PAN bem identificados, eleitorado fidelizado, com objectivos muito claros, mas emparedados pela selectividade e exclusividade de causas. De salientar como um partido centenário e outro com menos de uma década têm em comum o não terem uma visão para governar o País. O PCP que pugna pelo integral cumprimento das leis é o mesmo que a moral nada lhe diz (Festa do Avante e agora o Congresso!).
Os próximos dias trarão novos desenvolvimentos.
Bragança, 19/11/2020
Baptista Jerónimo