Batista Jerónimo
Avenidas Sá Carneiro e João da Cruz (III)
Para memória futura e mantendo o objectivo de contribuir para a boa execução, tornar estas Avenidas mais aprazíveis e melhorar a sua funcionalidade, volto pela 3ª vez ao tema.
Dia 5 do corrente mês, pelas 21.00 horas, a Câmara Municipal de Bragança (CMB), convidou os moradores e comerciantes, destas avenidas a conhecer o planeamento e cronologia das obras. A selectividade dos convites (pessoalmente e deixados nas caixas do correio só nestas avenidas - então o resto da cidade e concelho não são utilizadores?) e a hora (decorria o Jogo de Portugal vs Suíça, marcado à meses) não retira a pertinência, pelo que louvo e realço. Procedimento a manter.
Esta apresentação foi estritamente política, assumida pelo máximo responsável político da CMB, bem preparado para evidenciar o positivo e desviar-se do que tem gerado controvérsia.
Começo por realçar a evolução do projecto inicial, relevando os pontos positivos, como:
- As passadeiras elevadas ao nível do passeio (a passadeira por estar junto aos semáforos, na Sá Carneiro, não vai ser elevada, mas devia, por coerência com as outras e, porque os semáforos não estão sempre a funcionar).
- Eliminação do elevador da Sá Carneiro para a Amaro da Costa e a inclusão de escadas rolantes junto à Torralta, para dar acesso à zona histórica.
- O contributo para o enriquecimento linguístico, as ciclovias, nestas avenidas, passam a chamar-se passeios partilhados.
- Criação da “zona 30”, entre o café Príncipe Negro e o separador central (ver à frente).
- O prazo de execução (12 meses mais 4 para as escadarias), levado a rigor, foi apresentado de forma a causar pouco constrangimento.
- Reutilização dos seixos do pavimento, dos passeios existentes, mantendo os “desenhos”.
No global as avenidas vão ficar mais bonitas, mas será só o desejável?
Os pontos negativos e controversos mantêm-se, recordando:
- Edifício da antiga moagem Mariano – fica por saber o que CMB vai licenciar, mantêm-se o segredo.
- Mobilidade automóvel – fica tudo como está. Oportunidade perdida de resolver os pontos de conflito nos correios (vai aumentar com a “zona 30”) e acesso da e à Av. General Humberto Delgado.
- Retirar 2,40 metros à largura no separador central da Av. João da Cruz. Se no sentido ascendente é para os peões, no sentido descendente é para o “passeio partilhado”. Não chegava retirar só no sentido ascendente? Actualmente já não é central.
- “Passeios partilhados”, pela má convivência de transeuntes (invisuais, mobilidade reduzida, crianças, idosos, …) com bicicletas em que a separação é só diferença de cor no passeio.
- Não aumenta lugares de estacionamento de carros.
- Não condiciona o acesso de veículos pesados ao centro da cidade.
- A Av. Sá Carneiro vai ficar sem árvores. Outra Praça da Sé e Praça Camões, não aprendemos com erros recentes.
No global a funcionalidade e segurança não vai melhorar, pelo contrário.
Propostas sem onerar as obras:
- Dotar a Av. João da Cruz de um espelho de água (bastava 1 a 2 cm de profundidade, largura e comprimento o possível, para dar outro conforto, principalmente no verão), de custo e de manutenção, menor que o jardim.
- Durante as obras, na Sá Carneiro, tanto no passeio a Norte como a Sul, desviar o trânsito de veículos pesados do lado do passeio que esteja a ser intervencionado, desde a Rotunda da Gaspe, pela Rua Amaro da Costa até à Catedral e depois o inverso.
- Continua a não estar contemplada a ligação da Av. João da Cruz à Rotunda da Liberdade.
Esteve bem o Presidente da CMB, ao pedir(!) compreensão e ajuda para debilitar os problemas que se avizinham. E, eu enquanto morador e utilizador, reforço o pedido, pois como alguém disse “ … as obras prejudicam hoje … para beneficiar amanhã.”
Notas:
- Substituir as Cerejeiras por Magnólias, não me parece bem, estas, nada têm a ver com a nossa terra, pensaram em árvores autóctones de preferência de folha perene?
- Existem obras que sem custos, podem vir a acarretar uma despesa desnecessária. Na Av. Sá Carneiro, sem os “passeios partilhados” é uma obra perfeitamente suportável pela CMB. Sem árvores e com tanto granito imagina-se o desconforto principalmente no verão.
- As obras, geralmente fazem-se para melhorar as condições de vida dos cidadãos e não (só) para ficarem bonitas. No entanto, devemos trabalhar para que, se possível, as duas dimensões convivam.
Baptista Jerónimo