Henrique Ferreira

Henrique Ferreira

BANIF rima com patife(s) ou o socialismo dos ricos e dos gestores públicos

Estaremos condenados aos espectáculos dos gestores bancários do BANIF, do BES, do BPN, do BPP e, segundo a imprensa estrangeira, da CGD? Estaremos condenados ao envolvimento dos governantes dos últimos 25 anos nestas gestões danosas? Parece que sim, com culpas para os dirigentes/governantes de PS, CDS e PSD, em conjunto ou alternadamente. 

Os dirigentes governantes em representação de cada um destes três partidos demonstraram seguir o princípio de Adam Smith da exploração social a favor dos mais fortes: a privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos. Mas demonstraram ainda que preferem ajudar os agiotas e os maus gestores públicos a responsabilizá-los social e criminalmente.

Começa a ficar claro que não foi apenas a gestão do Banco que foi danosa. A venda parece ter sido manipulada e também ela danosa, até pela notícia, cinco dias antes, de que o Banco iria ser liquidado, o que fez voar mil milhões de euros do mesmo e cavar a sua desvalorização. Houve intenção danosa? O inquérito parlamentar dirá alguma coisa a este respeito.

Numa outra dimensão, a análise segundo Robert Michels, em função do conceito de Lei de Ferro da Oligarquia, revela bem o quanto os agentes dos três partidos referidos estão enfeudados e manietados pelos gestores públicos. Elegemos partidos e governos mas ambos são governados por oligarcas de diversas espécies: banqueiros, conselheiros, assessores, gestores, grupos de interesses, discretos ou manifestos. No final, os próprios dirigentes partidários se subordinam aos «dictats» desta gente e nomeiam funcionários e amigos em compatibilidade com o espírito e a obediência aos oligarcas.

A democracia foi confiscada por todos estes oligarcas e dirigentes partidários que, fruto dos privilégios  de que gozam e das imunidades em termos de justiça, transformaram a democracia em oligarquia e a oligarquia em plutocracia ou governo dos ricos. Perante tamanhas flexibilidades da burocracia, a Justiça anda à nora para deslindar os danos e respectivos responsáveis.

Uma evidência desta ligação à oligarquia e à plutocracia está em que se corre a salvar os ricos e os agiotas de um banco mas não se corre a ajudar uma empresa que, apesar de muito esforço dos trabalhadores e do empresário, está em dificuldades. Socializa-se o prejuizo dos agiotas mas despreza-se e deita-se ao lixo o esforço dos honrados.

O próprio processo de elaboração das listas de candidatos, no interior dos partidos, revela a enorme subserviência destes às oligarquias e à plutocracia.

Por tudo isto, a democracia, em Portugal, enquanto conjunto de valores étiicos, cívicos, económicos, sociais e culturais, morreu. Resta aos cidadãos organizarem-se e construir, em associação, alternativas de poder. para a restaurar.

 


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