Ana Soares

Ana Soares

Brincar com coisas sérias

Somos um país que tem tanto de extraordinário como de bizarro. Somos os primeiros a comentar - ou a criticar quem comenta - o resultado de eleições polémicas e mediáticas noutro país (o que não deixa de ser estranho, pois opinamos pela existência de liberdade e democracia, mas simultaneamente achamo-nos donos da mesma e que os outros não sabem usá-la), mas seguimos, como se de uma novela se tratasse – ou seja, sem agir ou exigir algo de concreto – os tristes acontecimentos relacionados com o suposto roubo de Tancos.

Existiu de facto um roubo? Gravíssimo! O roubo foi encenado? Gravíssimo! Não há certezas de que material estava efectivamente operacional? Gravíssimo! Os paióis nacionais estavam em condições de segurança miserável? Gravíssimo! Houve encenação da descoberta das armas? Gravíssimo! O Ministro assobia para o lado enquanto toda a Instituição Militar está colocada em causa? Gravíssimo! E tanto mais que se poderia perguntar sobre este caso mas sempre com uma certeza: estão em causa acontecimentos ou hipóteses de extrema gravidade.

Resumir tudo o que se passa no Ministério da Defesa Nacional com o escândalo do suposto roubo de Tancos a uma questão de demissão do Ministro não é pouco nem poucochinho; é nada! Até porque o Ministro da Defesa já não o é, pois quem não sabe lidar com uma questão desta natureza nunca o deveria ter sido, simplesmente. Neste momento, mais não é do que um morto-vivo que parece ainda não ter percebido bem o que aconteceu, o que alimentou e a gravidade da forma como tudo está a ser conduzido. Aliás, mesmo do ponto de vista dos interesses socialistas, está a transformar o Governo num alvo de mira certa. Diria que ninguém aprendeu com os erros que vimos no MAI…

Mas isto é só o início da questão. Estamos a falar de uma questão de Segurança Nacional, de Defesa Nacional, que importa esclarecer. A serem verdade metade das notícias trazidas a público, a situação é inacreditável. A ser verdade mais que isso, é insustentável! Não basta exigir que se apurem todos os factos. Quando já tanto foi trazido para a praça pública, é emergente que quem de Direito comece a saber comunicar e não levar estas situações a criar bolas de neve. E nunca com a Instituição Militar! Não basta haver dança de cadeiras, mas mudança de cadeiras! É necessário que haja transparência, seriedade e profissionalismo!

É certo e sabido que quem brinca com o fogo se queima. Neste caso, bem receio que se não se corrige tudo - desde a seriedade com que se tratam os recursos (humanos e materiais) à forma leve e descontraída como se tratam assuntos de Defesa Nacional - quem saia verdadeiramente chamuscado não seja quem não sabe lidar com a grandeza da Instituição Militar, mas esta última e tudo o que representa. E os Portugueses não o podem aceitar, nem Portugal o merece!


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