Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Carnaval e/ou Entrudo

O Carnaval do samba, importado do Brasil, onde a exploração na exposição da mulher desnudada em movimentos de oferecida, mantendo as cores garridas, teve e tem (embora menos) aceitação em algumas localidades de Portugal. Em contra ponto, o Entrudo ancestral, como a maior festa paga e verdadeiramente do povo, anterior ao aparecimento da telefonia, televisão, internet e redes sociais, vem do passar, de boca em boca, das tradições desta celebração simples, mas cheia de mensagens.

 O Entrudo em Portugal, teve um revés, pela falta de visão de Cavaco Silva, quando retirou o dia de terça-feira, quarenta e sete dias antes do domingo de Páscoa, de feriado nacional e, passou a ser discricionário, como a dádiva anual do governo em exercício, a tolerância de ponto, quando esta, poderia ser a segunda-feira que antecede o Entrudo, ficando um fim-de-semana de quatro dias e seria um impulso significativo ao turismo interno e à economia local. Aliás, as grandes empresas fazem ponte, retirando um dia de férias ao colaborador.

Sendo na nossa região, onde o entrudo é festejado de forma assinalável, prevendo-se que venha a ter maior relevância, é de todo o interesse que se encontre uma plataforma de entendimento, entre os vários actores e patrocinadores políticos, como meio de tornarmos este evento, também uma actividade económica interessante para a região, que ainda tem a vantagem de coincidir com outros acontecimentos relevantes: as amendoeiras em flor e fumeiro.

Pelos desenvolvimentos actuais no contexto político, deu início a contagem decrescente para o Presidente da Câmara Municipal de Bragança, enquanto capital de Distrito, vir a assumir o papel de líder regional, com visão de estratégica até nacional, em que, a nossa rica realidade, possa ser evidenciada na aldeia global em que a Internet nos colocou.

O nosso ímpar Turismo de património arquitectónico, religioso, paisagístico e cultural, tem de ter um político com capacidade para “vestir” a causa regional, ter iniciativas de visão como um todo, conseguir gerir este processo difícil mas, inadiável pelo relevo que já tem para o desenvolvimento e materializa-lo na fixação e atracção de pessoas e na criação de emprego. 

Entretanto, seria importante fazer um levantamento de que localidades têm Caretos, dias de festejos além das diferenças, semelhanças e caracterização no contexto da representação. Por conhecimento próprio, temos em Vila Boa de Ousilhão as “máscaras” onde os homens se vestem de demónios, a criativa festa de Santo Estêvão ou festa dos rapazes de Ousilhão no Concelho de Vinhais, no Concelho de Bragança em Salsas, Grijó de Parada e na aldeia de Varge celebram o dia de todos os santos, na Torre Dona Chana Concelho de Mirandela e o Chocalheiro da Bemposta no Concelho de Mogadouro.

Óptimo seria terminar com ciúmes, acomodar guerras já perdidas e reconhecer que na região são os Caretos de Podence quem mais visibilidade dá a esta festa, que catapultou o Entrudo para um acontecimento Nacional e Internacional, é imperativo. Assim, como elaborar um roteiro pelas outras localidades, para os quatro dias festivos, é uma necessidade para criar sinergias debaixo deste “chapéu” onde todos têm lugar e todos contribuírem para esta especificidade de turismo única, é uma obrigação.

Os caretos de Podence, extensível a outros, dadas as diferenças de manifestação, seria bem aceite e justificável a formação/explicação a todos que queiram ser careto, bem como disponibilizar os fatos para os dias de saírem à rua - teríamos visitantes mais dias.

Bragança, 10/03/22

Baptista Jerónimo


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