Manuel Igreja
Carta aberta a Boris Johnson
Dear Boris.
Antes de mais e após pedir desculpa por este meu se me te dirigir assim a modos que próximo, desejo que estas linhas que aqui alinho para lhe dar forma te vão encontrar de perfeita saúde, ou pelo menos no possível, pois isto hoje em dia uma pessoa já nem sabe a quantas anda.
Bem sei que andas ocupado que baste por mor do alto cargo que deténs, ou não estejas tu Primeiro-ministro da soberana e gloriosa Inglaterra. Nota que não digo que és, pois não acho que o sejas, pois, entre estar-se e ser-se vai uma diferença de todo em todo absoluta.
Isto, porque para se estar, basta ser-se eleito usando muitos bolos que enganam muitos tolos, mas para se ser, tem de se ter estaleca, carisma, elevação e capacidade de ver mais além, muito para lá de onde a vista alcança, o que quanto a mim mero e humilde observador não é o teu caso.
No entanto gosto de ti e por isso te escrevo. Caís-me bem políticas à parte e perdoados que sejam os males que provas e mais os que contigo alinham nas medidas sem tino e sem ideias se permeio, pois, e tu bem sabes, tal coisa não medra em ocas cabeças, mesmo que até e eventualmente haja inteligência a rodos, uma vez que esta não tem serventia se for espalhada pelo vento.
Por falar em vento, veio-me a imagem do teu cabelo se calhar porque ele apresenta ar de andar muito a ele. Passas-lhe a mão por si de oras em quando e pronto. Fica arrebitado, mas com ar bem tratado. Cá para deves ter contrato de imagem com uma certa marca de produtos de beleza e afins.
O certo, é que casa bem com a tua cara dando-te um ar pandego e de quem ar sempre de roda no ar. Eu também gostava de andar assim, mas faz-me mal à saúde e evito. Sucede que quero ver se chego aos cem escorreito e cuido-me um pouco.
Mas tu não. Pareces-me sempre aéreo e sem saber a quantas andas. Mas fazes mal. Ocupas um lugar com enorme capacidade para modificar o rumo de importantes coisas no quotidiano de milhões de pessoas, não te esqueças se é que alguma vez te lembraste. Bem sabemos que noutras eras de ainda não há muito tempo, nunca chegarias tão alto, mas devido ao desmando em que o mundo anda, chegaste.
Pelo que se diz está a custar que te aguentes, por via daquilo que vens fazendo, mas não te endireitas. Puxa-te para saíres do rego, como se diz na minha terra, és danado para a brincadeira, não medes as consequências e só te metes em trabalhos dando maus exemplos a governantes e a governados, que nada tarda te tirarão o tapete por indecência e má figura.
No entretanto, a tua imaginação e a tua dinâmica não param. Condenam-te por andares em festas dentro da casa oficial que ocupas, os mais importantes compartimentos a seguir aos da rainha que Deus proteja pois não vai para nova, e tu, fino que nem o alho, tomas medidas entre o tomar isto e aquilo.
Se a causa das coisas é o confinamento, acabas com o confinamento e está feito. Assim toda a gente pode andar em festas sem que por inveja e outras coisas que tais andem para aí a condenar o folguedo. Sempre houve diversão e não é agora que vai deixar de haver.
O vírus que se cuide. Faz um decreto e acaba com ele. Sugiro eu cá do velho aliado antes de findar, mandando cumprimentos para aí para o pessoal e um abraço para ti deste que tanto te quer. Quer, dizer, às vezes. Tenho minutos, mas são mais as horas que não.
Sou quem (não) sabes…