Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Carta aberta ao Carlos Rodrigues Lima

A Revista Visão, pelo “jornalista” Carlos Rodrigues Lima, vem criticar a criação da comissão para a vespa das galhas do castanheiro, acrescentando que será das estruturas mais estranhas criadas pelo governo.

Este “senhor jornalista” possivelmente não sabe que a castanha disponível no supermercado e na restauração é o fruto do castanheiro. Possivelmente por ser douto neste assunto de pragas poderá conhecer esta por “Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu, 1951 (Hymenoptera Cynipidae)”, mas é a mesma coisa senhor entendido. Também, não estará dentro do seu conhecimento que há 4/5 anos a Itália perdeu 80% da sua produção a par de outros Países e, desde alguns anos chegou a Portugal.

Mas saberá que se estima que a produção mundial seja na ordem de 1 900 MT, e a de Portugal 34,1MT em 2018, em 2020 o valor das exportações, em euros, rondará os 110 MILHÕES. Sabia? Claro que sabia, só que entende que os deputados criarem comissões, grupos de trabalho ou “estruturas” é uma perda de tempo, nalguns casos, até poderemos estar de acordo.

A castanha, em Portugal, não é um produto exclusivo de Trás-os-Montes mas, será nesta região onde mais pesa para o rendimento líquido das famílias. Fique a saber que, a economia local em todas as suas dimensões, a partir de meados de Outubro, data em que os euros chegam aos produtores, desde a restauração, prontos a vestir, sapatarias, automóveis, …, tudo “mexe” mas, para o Carlos Rodrigues Lima é coisa pouca. Caro, até para o seu vencimento contribui pois, parte da receita vai para jornais e revistas onde se inclui a Visão.

Mas, fique a saber que na castanha o problema maior, depois da praga da vespa das galhas do castanheiro, das doenças da Tinta e do Cancro ainda o castanheiro leva com as alterações climáticas (aquecimento global) onde o seu litoral contribui, derivado do desenvolvimento sustentado (ou fatal dele) e as radiações ultravioletas passarem a ozonosfera.

Na verdade, na comercialização, (onde o “ilustre cronista” não tem culpa mas, enquanto jornalista é conivente na omissão e na denúncia da ausência de regulação, sim, porque se tem tempo para falar do que não sabe, bem que poderia discorrer sobre o que tem a obrigação de saber e denunciar o atropelo à lei) no que diz respeito à lei da oferta e da procura, em que o cumprimento desta não é simples mas, outros factores duvidosos contribuem para a bagunça que é a comercialização do apelidado “ouro transmontano”.

Dir-me-á que a situação actual em que se encontra a comercialização, deriva de não atingirmos escala, será só? Poderíamos entrar nos “futuros”?

Aconselhará: imponham-se pela qualidade que têm e levem ao mercado a reconhece-la e valoriza-la e não tentamos?

Concluindo, a nossa castanha no geral é de uma propriedade superior, o nosso mercado tem de ser a gastronomia em detrimento das rações. Promovê-la é uma necessidade que não pode ser mais adiada mas, necessitamos de ajuda.

Sabendo eu, que o seu propósito foi despertar sensibilidades dos políticos e dos produtores, conseguido, falta agora a divulgação da castanha enquanto produto excelente e que muito contribui para o PIB de Portugal.

Baptista Jerónimo, 17/01/23


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